CARDÁPIO

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Dedicado para Gregório de Matos

Itapecuru tá um caco?
- Só buraco
E o que vê quem tá de passagem?
- Malandragem
E os políticos como agem?
- Com ladroagem

Peço que o povo mostre
Que é dono de seus culhões
E extingue dessa cidade
Buracos, malandros, ladrões.

E como andam as escolas?
- Pedindo esmolas
E os professores o que ganham?
- Apanham
E os alunos tem futuro?
- Obscuro

A educação aos governantes
É mera chacota, mangoça,
E reserva aos estudantes
Burrice, roça, carroça.

E como os pastores vão andando?
- Enricando
E os nossos amigos católicos?
- Insólitos
E o que produz essa santidade?
- Promiscuidade

Oro ao nosso bom deus
Por um povo cheio de prantos
Que livre à esses coitados
De pastores, padres e "santos."

E como o povo vive?
- Sobrevive
E o que faz essa gente risonha?
- Fumar maconha
E com o que o povo sonha?
- Com a cegonha

Apesar de tanta riqueza
Esse povo se humilha
Vive sofrendo e engravidando
Esperando bolsa família.

E que cultura abunda?
- A da bunda
O povo é politizado?
- Alienado
O voto é valorizado?
- Comprado

Que novas luzes se acendam
Iluminando a cidade
E o povo enxergue que tem:
Direitos, poder, liberdade.

E a saúde do meio ambiente?
- Doente
E o tratamento do lixo?
- É um lixo
E a água corre à vontade?
- Só vontade

Que a gente cuide em cuidar
Pra natureza viver
Pois a um povo que só mata
Também só lhe resta morrer.

E quando nasce uma criança?
- Nasce esperança
Mas se o povo só espera?
- Nunca alcança
E se esperar mudar sozinho?
- Se cansa

Ao povo cabe lutar
Porque o povo é quem dança
Ombro a ombro, lado a lado,
Velho, adulto, criança.

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