INFÂNCIA

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Quando eu era criança e não tinha medo da morte
me envolvia em rodas de conversa
com outras crianças que tinham
mais ou menos a minha idade,
eram conversas sérias
que eram levadas à sério com toda a seriedade
que pode haver em garotos de oito a doze anos.
Uns contavam como era a vida no fundamental maior
com todos aqueles professores e professoras
entrando e saindo da sala de aula o tempo todo,
eu pensava: “o fundamental maior deve ser o máximo!
Quando chegar lá vou poder meter cascudo nos moleques do fundamental menor.”
Outros se gabavam das garotas que comiam,
Jamerson contou uma vez como conseguiu comer sua vizinha,
ele disse que um outro vizinho, amigo seu, estava comendo (ela) no quintal,
e Jamerson estava passando bem na hora e viu tudo pelos buracos da cerca,
o seu amigo percebeu a presença dele e quando terminou com a garota, chegou para Jamerson e disse:
- Ei, você não quer comer a fulana? - Ela ainda está vestindo a calcinha, vai lá, aproveita!
E o Jamerson foi, provavelmente ameaçou contar pra todo mundo o que tinha visto, obrigando assim a garota a dar pra ele.
O que sei é que ele disse que a comeu
e se gabava disso pra todo mundo.

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