Imprinting

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[DAKOTA CONTTI]

A noite de quarta-feira se arrastou lentamente, em meio ao frio de 21º Fahrenheit. Como os Estados Unidos era o único país no mundo que usava esse tipo de escala, aquilo queria dizer que nós morreríamos congelados a qualquer momento.

Eu estava exagerando. Só não gostava mais do clima da cidade - depois de tirar conclusões de que dias chuvosos não eram de um todo agradáveis. Como as pessoas conseguiam viver tanto tempo sem ver a luz do sol batendo contra seus rostos? Londres não chegava a ser um país tropical e os dias frios também eram intensos, porém, Forks ganhava no quesito chuva. Chovia todos os dias.

Todos os dias.

Todos.

Com uma manta sobre o corpo e várias roupas espalhadas pelo chão - ao meu lado, à minha frente e atrás de mim - eu ajudava Emma com suas malas. Minha mãe iria viajar até New York para assistir uma palestra sobre a cura da Aids em países emergentes. Ela estava tão animada e falava disso diversas vezes por dia.

Ficava realmente feliz por minha mãe. Fazia muito tempo que não a via sair da rotina e se interessar por alguma coisa que não estivesse relacionado à Lily e eu. Emma tivera mais da metade de sua vida roubada pela fábrica. Ela estava conhecendo o mundo só agora, aos quarenta e dois anos de idade e vê-la ali, escolhendo qual roupa usar, enquanto andava de um lado para o outro toda serelepe e ansiosa, de certa forma me deixava orgulhosa de mim mesma por ter fugido daquele maldito lugar.

"Por que não leva este vestido?" O levantei sobre minha cabeça, chamando a atenção de Emma. "Fica tão elegante com ele. Não disse que o evento será composto por agentes importantes de todo o mundo? Pode acabar impressionando algum dono de empresa e ser promovida no trabalho!" Falei, de repente animada com toda minha fantasia.

"Dakota!" Minha mãe riu, puxando a roupa de minhas mãos. Ela analisou o vestido com os olhos cerrados, pensando por breves segundos, até dar de ombros e jogá-lo dentro de sua mala. "Você tem a mente muito fértil." Ela pontuou balançando a cabeça em negação.

Dei de ombros.

Ao meu lado, minha irmã mordia seu brinquedo de borracha, sem preocupação nenhuma quanto ao furacão que acontecia ao seu redor. Seus olhinhos corriam de um lado para o outro e sua mente de bebê não pensava em nada além do desenho que havia assistido mais cedo.

Ri em resposta.

Engatinhei até Lily, a puxando para um abraço de urso. Esta, por sua vez, não gostou nada e começou a reclamar - fazendo sons de um quase choro.

"Você era mais carinhosa comigo há uma semana atrás, Lily. Eu não admito isso!" Protestei a colocando sentada no chão novamente.

Ela não se importou nenhum pouco com a minha indignação, voltando a morder seu brinquedo, com seus olhos enormes fitando meu rosto; sem expressão.