[DAKOTA CONTTI]
Ao lado de fora o ruído de trovoadas preenchia o silêncio da sala de jantar, trazendo consigo uma melancolia característica. Era apenas a típica tristeza de estar no mesmo ambiente que Vincent. A infelicidade de ter sido deixada para trás. O sentimento de não ter valor algum. A dor da saudade da família que eu jurei um dia me amar.
Vincent, por sua vez, comia despreocupado à minha frente, e me atentei ao barulho fraco de seus talheres batendo contra o prato de porcelana, enquanto ele checava o celular a cada trinta segundos.
"Senhor Cooper disse que gosta de suco de pêssego, então fiz questão de comprar o melhor da mercearia." Daisy exclamou alegremente com uma jarra em suas mãos. Ela era nossa nova governanta. Havia sido contratada há dois dias atrás, com a desculpa de que eu precisava de alguém para me fazer companhia. Vincent contratara uma babá para me vigiar, essa era a verdade.
"Obrigada." Abri um sorriso largo, logo voltando a encarar o homem loiro do outro lado da longa mesa de vidro.
Ele havia confiscado meu celular há mais de três semanas, como castigo por ter me visto ao lado de Seth na escola - em uma terça-feira à tarde, logo após o treino dos jogadores.
A volta para casa após a viagem havia sido tão problemática quanto lidar com a matilha de Dylan e, com Hanna passando pelo processo de transição. Dylan e seus companheiros só não dilaceraram meu valente namorado, porque entrei em suas mentes para expor todas as suas táticas, enquanto lutavam com Seth. Com o garoto ainda desacordado em meus braços, eu gritava para Clearwater todos os próximos passos dos quatro lobisomens e, só assim, ele conseguiu sair - quase - ileso das garras de nossos mais novos colegas. No final desta noite, quando todas as pendências quanto ao que havia acontecido foram resolvidas, Seth contou sobre os caçadores e, tínhamos apoio daquela matilha para proteger os transformos das redondezas - mesmo Dylan ainda me odiando por eu tê-lo enganado junto de minhas amigas.
A madrugada daquela mesma noite fora toda em função de cuidar de Hanna, além de ajudar ela e May a não surtarem por conta do que haviam visto mais cedo na floresta. Seth se encarregou de explicar a condição de Dylan e, o que iria acontecer com Hanna dali para frente. Ele foi muito gentil com minha amiga, a abraçando todas as vezes em que começava a chorar, garantindo que iria cuidar dela, desde que a mesma o desse um voto de confiança. Ela não teve muita opção, senão ceder.
Todo o processo de adaptação - de Hanna, agora, como lobisomem e May inserida no meio sobrenatural - foi trabalhoso e, ainda estava sendo muito complicado. Seth era mais ciente quanto às mudanças físicas e, fez questão de acompanhar minha amiga em todas as suas tarefas, ensinando-a o controle de seu novo corpo. Já May ficou sob minha responsabilidade, onde fui forçada a repetir o mesmo discurso inúmeras vezes até que se acalmasse em relação ao que estava realmente acontecendo.
Confesso que essa parte foi a mais tormentosa, já que May se recusava a acreditar que seu primo era um lobisomem e sua melhor amiga uma telecinética. Ou a garota começava a chorar de repente, ou ameaçava ligar para a polícia - outras vezes, ela dizia estar alucinando. Todo esse drama só passou quando levitei alguns livros da estante da biblioteca, jogando-os com toda força próximo à nossa mesa de estudos, fazendo a menina me fitar com os olhos bem arregalados e amedrontados. Depois deste episódio, ela não tocou mais no assunto - por medo do que eu poderia fazer com ela.
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Imprinting
FanfictionCom as malas prontas e o coração frio como pedra, Dakota, se muda para Forks, junto de sua família, na tentativa de mudar seu passado traumático e sombrio. Na pacata cidade, composta por poucos habitantes, a britânica encontra desafios que afetam s...