Capítulo 25 - O Corcel Traído

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  − Avada Kedavra...

Sua varinha manteve-se inalterada. As palavras escritas no verso de sua fotografia ecoaram em sua cabeça no mesmo instante. "Não deixe o ódio te dominar". Ela não conseguia fazer aquilo. Não conseguia! Amelia descontrolou o choro e levou a outra mão para limpar o rosto. Aquilo era baixo. Assassiná-lo durante a noite. Tão sujo. Tão desprezível e covarde. Ela seria capaz de ir contra seus princípios para conseguir vingança? Agir de forma tão fria e se tornar uma assassina? Se tornar... Como ele?

E pela primeira vez Asta se aproximou do rapaz. O Rapino tinha as orelhas abaixadas, intimidado. Mesmo assim ele se apoiou na cama em cima das duas patas traseiras e esticou o pescoço para cheirar a mão de Riddle. O animal farejou o rapaz, intrigado, e sua expressão relaxou. Suas orelhinhas voltaram para a posição normal e seu olhar tornou-se alegre.

− Asta! − ela o chamou. O Rapino abandonou o leito do jovem bruxo sem muita preocupação e se sentou ao seu lado.

Amelia levantou o olhar do animal até Riddle, mais uma vez. Soltando um suspiro, ela abaixou sua varinha. Se Asta, sendo um Rapino, foi capaz de se aproximar... Era porque nem tudo estava perdido. Ainda havia, em algum lugar em seu coração, um sentimento bom. Ainda poderia haver luz naquele coração triste e solitário. Precisava existir...

Amelia encarou novamente o rosto sereno do garoto e suspirou. Ela deveria estar louca em pensar isso, mas... Ela sentiu-se mais leve. Como se todo aquele ódio e desejo assassino estivesse tomando conta do seu corpo e agora já não estava mais presa a isso. Sentiu as correntes da fúria e da vingança afrouxar em sua mente, antes aprisionada por elas, e dar lugar a uma branda força que não mais subjugava suas emoções. Ela iria confiar nesse sentimento. Iria confiar na percepção de Asta. Com um pequeno sorriso no rosto, Amy fez sinal para ele subir em seu ombro e coçou a cabeça do pequeno.

− Vamos, garoto − ela guardou a varinha no bolso do roupão e enxugou suas lágrimas − Vamos dormir!


Amelia foi a última a se levantar no dia seguinte. Uma pilha de embrulhos encontrava-se nos pés da sua cama, apoiados no chão. Esboçando um sorriso, Amy pôs-se a abrir os presentes. Havia um pacote do Senhor e Senhora Malfoy, de seu tio Kader, de Alaric e Alicia e também encontrou embrulhos com os nomes de suas colegas de quarto, Maggie, Eileen e Dorea, e até mesmo de Minie e Charlus. Ela se arrumou e colocou suas roupas de inverno, vestindo a capa que ganhara dos pais de Malfoy por cima de suas roupas. Saiu do quarto com dois embrulhos de presentes. Um era de Abraxas, o outro era o de Riddle, que seu tio havia preparado para o garoto. Asta correu de dentro de uma caixa para acompanhar sua ama. Ela cumprimentou Alfred no corredor, lhe desejando feliz natal, e bateu na porta aberta dos garotos.

− Toc Toc!

− AMELIA! − gritou Malfoy, contente − Bem na hora. Senta aqui.

Ela foi até a cama do rapaz e sentou-se ao seu lado. Abraxas fez um cafuné no Rapino, que havia pulado em sua cama, e começou a brincar com ele nas cobertas. Amy olhou ao redor e estranhou a ausência de Riddle no quarto. A cama do rapaz já estava arrumada e também havia embrulhos no pé dela.

− Onde está Riddle? − perguntou. No mesmo instante a porta do banheiro se abriu e Riddle saiu por ela. Vestes alinhadas e cabelos perfeitamente penteados.

− Tom, senta! Vamos abrir os presentes!

− Presentes? − perguntou sem entender.

− É − o loiro apontou e Riddle esboçou um pequeno sorriso confuso. Ele acordara tão sonolento aquela manhã que nem havia percebido os embrulhos empilhados no chão em frente a sua cama. Ele caminhou até lá e se sentou, apanhando contente um dos embrulhos.

Draco Dormiens - The Dragon's BreathOnde histórias criam vida. Descubra agora