Draco Dormiens - The Dragon's Breath

Capítulo 23 - O Confronto da Fênix

Kader guiou sua neta pela ala Oeste. Amelia observou curiosa os cômodos daquela parte da casa. Seu avô dissera um dia que o pai dele havia fechado a ala Oeste com um feitiço meses antes de falecer. Ninguém nunca mais teve acesso àquela parte da casa desde então. Eram todos cômodos muito comuns. Ateliês de pintura, costura e vários trabalhos manuais usados pelos trouxas.

− O que é aqui, tio? − perguntou curiosa assim que passaram por uma porta entreaberta de uma sala muito clara. A luz do sol entrava pela janela aberta e refletia em suas paredes revestidas por espelhos.

− Aqui é onde Aurora passava a maior parte de seu tempo. Ela tinha se tornado uma belíssima bailarina... − Ele suspirou com a saudade − nós a mantemos aberta porque é onde ele fica... − Kader apontou para o extremo canto da sala.

Amelia fechou os dedos na lateral da porta e espiou na direção que ele indicara. Um pequeno animal estava deitado nos pés do cômodo que apoiava uma vitrola antiga. O animal formava uma pequena bolinha de plumas e pelos e ela não conseguia ver suas características, mas ela identificou o cristal mágico que estava incrustado em sua pequena testa. Ele possuía um brilho azul tão fraco quanto o de uma vela prestes a se extinguir.

− É um Rapino? − sussurrou ela, surpresa − Eu pensei que eles estivessem quase extintos...

O pequeno animal percebeu a movimentação na porta e levantou suas orelhas pontudas e cheias de plumas.

− Bem... Quase. − disse Kader observando o animal − Aurora era a guardiã dele. Ela conseguiu o direito de guarda pelo ministério quando ela retornou de uma viagem para a Ásia. Ela o encontrou ferido e cuidou dele. Asta criou um vínculo sentimental com ela desde então. Vendo que não tinham opção, o Ministério concedeu sua guarda a Aurora. Veja bem, eles ainda não corriam o risco de serem extintos naquela época. Porém ele adoeceu quando ela se foi e quase não sai mais dessa sala...

Amy observou entristecida o pequeno animal. Rapinos eram animais extremamente difíceis de domesticar, mas eram imbativelmente os melhores companheiros a partir do momento que se conquistava sua lealdade. Entretanto, quando fora descoberto o uso de seus cristais em núcleos de varinhas, uma caça a sua espécie foi instaurada. Juntando a sua dificuldade em reprodução e o valor de 80 mil galeões, uma fortuna para os bruxos, sobre o seu cristal, os Rapinos não conseguiram manter-se vivos por muito tempo.

O bruxo mais velho passou o braço por trás dos ombros de sua sobrinha-bisneta e guiou Amelia pelo caminho. Antes que eles saíssem da porta, o pequeno Rapino levantou a cabeça em direção aos bruxos, pondo-se a olhar fixamente para aquela que era muito parecida com a sua ama. Asta levantou-se, curioso, e correu até a porta, esticando o pescoço no corredor e espiando Amelia ir com o seu tio.

Era estranho para Amelia estar em casa e não reconhecer quase nada. A decoração era diferente, haviam cômodos que ela não conhecia, pessoas que não sabia que serviram sua família. Exceto Alfred, é claro. O Fantasma possuía os mesmos trajes, o mesmo tom de voz cortês e a mesma preocupação em mantê-los sempre confortáveis.

−Devo preparar o banho para a senhorita? − perguntou ele assim que Kader a levou até seu quarto. Ela olhou ao redor completamente encantada. Niandra havia tomado o cuidado de redecorar todo o espaço para que ele fosse gracioso e confortável. Os móveis eram todos no estilo vitoriano com acabamento em Madeira branca e estilizações em tons pastéis de violeta, rosa e salmão. Qualquer garota de sua idade ficaria encantada.

− Faça isso, Alfred. Obrigada!

Todos estavam sendo muito gentis e carinhosos. Desde sua família até os funcionários da casa faziam de tudo para que ela se sentisse confortável e bem. Isso acalentava seu peito. Estar com sua família, mesmo em outra época, a fazia se sentir mais forte. Forte o suficiente para que ela enfrentasse toda aquela situação e não sofresse tanto com as memórias do passado. Mas... Como seria viver dessa forma?