13 - 3 dias

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- MARTIN!

Marina acorda num ímpeto. Sua respiração está alterada. Ela olha para o lado e sente um alívio ao notar que Lorelei continua perdida nos sonhos.

Sabe-se lá o que aconteceu, mas aquilo foi real. Ela esteve no castelo. Tocou naquelas paredes. Sentiu a textura do trono de coral envolvendo o seu corpo. Viu Martin e Janaína presos. Marina tem certeza de que aquilo não foi um mero pesadelo e decide agir rápido.

Ela se levanta e nada até a saída da caverna de Antônia. Do lado de fora ainda é escuro. O azul marinho da noite cobre toda a praça central vazia. Somente as algas néon iluminam o local.

Suas nadadeiras agitadas a levam até a direção da saída do esconderijo. Antes de entrar na fresta que a levará para fora do abrigo, ela dá de cara com uma sereia conhecida que guarda a entrada.

- Vai fugir? - Ariela dispara.

- Eu tive um sonho. - Marina está agitada e não sabe por onde começar. - Um sonho não, pois eu estive lá no castelo, de fato. Eu posso te descrever todos os detalhes sem nunca ter pisado lá.

- Uma projeção, você quer dizer. - dispara Ariela.

- Talvez... Eu já senti isso antes quando toquei a minha pedra. - Ela envolve os dedos na água marinha em seu pescoço.

- Provavelmente alguém estava chamando por você. E você foi guiada até o local, para ver alguma coisa importante.

- Então quer dizer que o meu espírito é uma marionete que anda por aí guiada por terceiros? - Marina está indignada.

- Mais ou menos isso. Sabe aquela história de quando você sente que já viu alguma cena ou alguma fala antes?

- Déjà-vu.

- Que seja... Quando você sente, provavelmente alguém já te mostrou ou falou sobre aquilo em sonho. Mas não são todos que conseguem chamar o seu espírito para fora do corpo. Somente pessoas que possuem ligações intensas. Como mãe e filha, por exemplo.

- Entendi. - Marina avança o seu corpo para continuar o caminho. - Eu vi a minha mãe. Ela está presa em um porão. E pior do que isso, se é que as coisas ainda podem piorar, eles pegaram Martin.

- O quê? - Ariela agora está em alerta.

- Três polvos monstruosos arrastaram ele até a cela. Ele está muito mal. Desamaiado. Com a cara toda destruída. E eu preciso ir até eles.

Marina começa a nadar, mas Ariela segura seu braço antes que ela parta.

- Você está louca??? Acha que vai passar pela guarda como? Eles vão fazer uma salada de sardinha com você.

Marina para e senta, pensativa.

- Não tinha pensado nisso...

- É aí que mora o perigo, mocinha. Muitos não pensam antes de agir. E é dessa forma que perdemos milhares de soldados em batalhas.

- E agora? Eu preciso ir até lá antes que seja tarde para o Martin. E se Lorelei descobrir...

- Me siga.

Ariela não espera Marina terminar de falar e nada para a direção oposta da saída.

- Mas a saída é por ali. Onde nós v...

- Treinar. - Ariela a corta. - Até de manhã. Não temos tempo a perder.

A sereia já está longe. Marina suspira e a segue. Ela sabe que essa é a sua única alternativa no momento para conseguir ter uma batalha justa contra uma horda de polvos gigantes.

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