O Bispo - Parte 4: A Saturday Kind of Love

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Parte 4 – A Saturday Kind Of Love

Quando chegaram na casa, o portão abriu sozinho e eles adentraram. Haviam outros carros ali dentro e foi então que perceberam o quão grande era a casa por dentro. De dois andares, porta de madeira daquela que só rico tem, um monte de outras coisas que ele nem lembrava mais e que interferiam na simulação.

Ao sair foram recepcionados pela esposa de Jeriellyson, uma mulher magra, morena e branca de roupas casuais e cabelos presos num rabo-de-cavalo. Dava para se perceber que haviam mais pessoas na casa, o que tirava o brilho de serem os únicos convidados, mas era tão legal quanto.

– Trouxe mais pra festa, querida – anunciou Jeriel. – Esses aqui são Cristine e Leonardo. Ela é irmã da Lílian, esposa do Márcio.

A senhora Jeriellyson teve dois segundos de análise antes de descobrir a quem aquela família remetia. Os olhou de cima a baixo várias vezes com um olhar julgador do tipo "quem são esses que meu marido trouxe?", mas após descobrir que o amigo de infância de seu marido tinha se casado com uma mulher que por acaso era irmã da dona daquela família, abriu um grande sorriso e a abraçou.

– Nossa, é um prazer conhece-los! – ela os cumprimentou. – Já peço desculpas por estar vestida desse jeito e não ter ido à igreja. É que eu tive que preparar o almoço pra tanta gente...

– Não tem problema, eu sei como é – respondeu Cristine, de forma reconfortante, certificando-a de que não a julgaria quando a mesma virasse de costas.

Eles logo adentraram à casa, cheia de modernidades arquitetônicas. Na sala haviam poltronas num lado e uma mesa de outro, um raque com a televisão (ou SmarTV) e vários filmes, DVDs diversos, CDs, ao lado uma pequena estante com um aquário com belos peixes. Haviam algumas pessoas sentadas nas poltronas, como um sorridente idoso, um casal de adolescentes vidrados num celular, fora alguns amigos dos anfitriões que não precisam ser catalogados.

Leo se sentou numa poltrona, se jogando nela. A Morte se sentou em um dos braços do assento já que não haviam mais locais vagos para se sentar.

– É nesse momento que eu fico sentado, com vergonha, não falo com ninguém e você fica sem saber o que minha mãe conversou com os anfitriões – disse Leo.

Aff, que bosta. Mas ok, nem ligo. Em todos os meus milênios de vida as conversas mais chatas que já presenciei foi de adultos nessa idade. A maioria não tem muito conteúdo, principalmente os mais abastados. Fazem cada piada ruim. Engraçado mesmo é o povão.

Enquanto isso o Leonardo estava sentado ali, paralisado de vergonha. Um idoso magricela e de cabelos brancos se assentou-se ao seu lado, sempre sorridente. Logo notou o nervosismo nos olhos do tímido garoto magricela e tentou quebrar o clima pesado.

– Feliz sábado – estendeu a mão para um aperto. – Veio da igreja?

Leo olhou para o idoso e engoliu em seco. Hesitou, mas apertou sua mão.

– Sim, eu vim.

O idoso franziu a testa, como quem quer saber algo.

– Sobre o que foi a pregação? Uma pena, não pude comparecer por motivos de saúde.

Leo olhou para o vácuo, tentando pesquisar em suas memórias algo sobre a pregação que tinha acabado de escutar. Talvez os detalhes técnicos esbanjados que tinha acabado de vislumbrar tivessem tirado um pouco de sua atenção. Uma hora se acostumaria.

– Ah, foi algo sobre a depressão de Elias – respondeu o garoto.

O idoso sorriu, nostálgico.

Minha Amiga MorteOnde histórias criam vida. Descubra agora