Capítulo Sete

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Lembro pouca coisa sobre minha mãe biológica. Era muito nova quando Claire me adotou, lembro-me de um dia caminhando de volta da escola uma mulher me abordar na rua gritando ser minha mãe, ela me pegou pelo braço dizendo que iriamos para casa que fui tirada dela nunca me esquecerei dos olhos cor de âmbar tão parecida com os meus. Naquele dia descobrir que Claire me resgatou da mesma mulher que estava tentando me trocar por pedras de crack.

O sentimento de mágoa dentro de mim foi tão grande que não consegui sentir raiva dos meus pais adotivos, poxa eles me salvaram de uma mulher que não se importava com nada além do seu vício escroto. Sabia que se tivesse ido com aquela mulher ela me trocaria ou tentaria novamente.

Mas vendo aquele menino vendendo balas na porta do parque pude me vê se Claire e Gregory não tivesse me resgatado.

Naquele momento o menino arregalou os olhos e puxou o dinheiro da minha mão saiu correndo, Owen se pois corre atrás dele mas segurei em seu braço impedindo que ele fosse atrás do menino, a última coisa de que precisava agora era ter um armário lhe agarrado pela orelha.

— Senhora?

— Deixa... — disse olhando para o menino que entrava no beco — Só não diga nada ao Bruce...

— Eu não posso — Seu tom cortante me assustou.

— Eu conto.

Eu contaria, em algum momento daquela noite.

Para o jantar decidi fazer lasanha, coloquei uma música ambiente, vinho e estava tudo certo prepararia o terreno para o que estava planejando, mas antes precisava ligar para a única pessoa que poderia me dar coragem para falar com Bruce.

— Ray!

— Oi vô Lúcio, como vai minha querida?

— Vou bem... e o senhor?

— Estou ansioso para seu casamento... estarei em Nova York em breve.

— Estou cheia de saudades... — sorri e pude ouvi ele suspirar.

— Ainda não levou minha empresa a falência ... estou orgulhoso — ele rir um pouco me fazendo rir também.

— Vô... eu preciso de um conselho — vô Lúcio ficou em silêncio me incentivando a continuar — o senhor soube que sofri um sequestro relâmpago. Hoje eu vi o garoto que me ajudou, ele vendia balas na porta do Central Park...

— Você está querendo ir atrás dele?

— Não exatamente ir... mas ajudar — engoli o nó de emoções que estava para sair — se Claire não tivesse me resgatado poderia ser eu vendendo balas ou pior.

— Olha minha querida, você apareceu em nossas vidas no momento mais difícil passou por coisas que ninguém merecia passar. Você foi a luz na vida dos seus pais e agora pode ser a luz para essa criança.

— Tenho medo do que Bruce possa achar, ele e meio intolerante às vezes.

— Seu noivo tem um bom coração e você sabe ser persuasiva quando quer. Estou com você, minha pequena.

Eu amava meu avô acima de tudo, ele sempre conseguia me encher de coragem quando preciso e sempre me incentivava a ser melhor, conversamos mais um pouco e logo ele teve que desligar. Terminei o jantar e fui tomar um banho, lavei os cabelos aquele era um ótimo momento para pensar um pouco.

Eu precisava fazer algo para ajudar, não só aquele garoto mas todas aquelas crianças que sofria na mão daquele homem horrível talvez uma ONG onde elas poderiam estudar... isso perfeito.

Sai do chuveiro animada com o novo projeto a Griffins não tinha nenhuma ligação com alguma entidade filantrópica então seria perfeito!

Hidratei meu corpo penteei e sequei os cabelos e escolhi uma saia longa floral e um top preto. Quando voltava para sala Bruce chegava em casa, sempre lindo com seu terno risca de giz e os cabelos levemente bagunçados.

— Oi meu amor — fui até ele beijando seus lábios com doçura, ele tinha um leve aroma de whisky e eu sabia que ele tinha passado em um bar antes — Estava no Forsize ?

— Passei com Henry e Robs... — ele sorri envolvendo os braços em minha cintura — Henry assinou hoje os papéis do divórcio... coitado.

— Que despedida de solteiro a gente teve...

— Verdade...

— Precisamos conversar...

Bruce conseguiu um pouco e pode ver travando a mandíbula.

— O que você aprontou hoje?

— Vamos jantar e eu te conto...

Puxando ele para a mesa de jantar, servi um pouco de vinho e me sentei ao lado de Bruce. Ele começou a comer enquanto encarava ele criando coragem para começar a falar, era um assunto leve que talvez pudesse fazer uma enorme diferença na imagem da nossa empresa.

— Que foi, Ray?

— Você é um homem tão lindo...— elogiei tocando o braço dele — Hoje caminhei um pouco no parque...

— Estava com Kate ou Jane?

— Não...

— Ray!

— Owen foi comigo...— completei — eu vi o garoto...

— Que garoto?

— O garoto que me ajudou naquele dia, ele estava vendendo bala na porta do parque... — tomei um gole de vinho — eu...eu quero ajudá-lo Bruce...

— Não.

— Bruce...

— Eu disse não, Ray. Assunto encerrado!

Ensina-me - Felizes para sempre?Onde histórias criam vida. Descubra agora