Capítulo Treze

603 95 10
                                    

Bruce 

Se existia uma porcentagem de quão babaca tinha sido nos últimos dias com certeza ultrapassa o valor, na realidade eu tinha plena consciência do que estava fazendo mas me sentia tão, mas tão egoísta em relação a Ray que toda a racionalidade tinha ido por água abaixo é agora quando eu a via partindo com o moleque percebi a gravidade do problema. Ela havia cancelado o casamento e o anel de noivado que pertenceu a minha família estava na minha mão, e uma sensação angustiante de que minha vida estava partido pela porta da frente da casa dos meus pais. Podia ver o rosto vermelho e alterado do meu pai, e como minha mãe gritava ao seu lado mas tudo que conhecia ouvir era a voz de Ray e a angústia que pesava em seu tom dizendo que estava tudo cancelado e acabado.

Antes que eu pudesse me virar e correr atrás dela, algo forte foi de encontro ao meu rosto me jogando no chão antes que pudesse reagir virei para o lado e a mão de Roberts fechada em um punho encontrou meu rosto mais uma vez e o olhar de raiva cintilava em seus olhos verdes.

— SEU BASTARDO! — Rugiu saindo de cima de mim — VOCÊ E UM MONTE DE MERDA BRUCE!

Senti o gosto amargo do sangue e uma dor no lábio de cima, senti a doce mão da minha irmã me ajudando a levantar para em seguida levar outro tapa no deixando o lado onde Roberts havia socado ainda mais ardido e dolorido.

— Não tenho costume de bater — disse em um tom duro — mas o que você fez mereceu!

Olhei para os lados percebi que quase todos tinham ido embora, Kate ficou tentando acalmar Roberts mas o restante tinha partido junto com Ray. Deus o que eu tinha feito ? Como consertar isso, como teria minha noiva de volta, eu precisava ir atrás dela com certeza estaria indo para a cobertura e lá conversamos...

— Nem pensar mocinho — ouvi a voz da minha mãe — hoje você não sai daqui!

— Eu...eu... preciso me desculpar mãe — disse, o álcool em meu sangue estava diminuindo e podia pensar com um pouco mais de clareza — eu fui...eu fui...

— Um egoista do caralho — respondeu minha mãe — você não vai conseguir nada desse jeito ainda mais com esse cheiro de perfume barato.

Eu não estava pensando quando fui aquele bar, só fui e bebi, queria esquecer tudo que estávamos passando amenizar a confusão que estava na minha cabeça quando percebi tinha duas garotas ao meu lado e desabafei, Deus, contei minha vida para duas estranhas que tiveram a ideia de vir comigo e o idiota aqui aceitou. Se pudesse descrever como fui tão imbecil com a minha Ray. Deus eu estava muito na merda.

⊱⋅ ──────────── ⋅⊰

Depois de ouvir meu pai gritando comigo por exatas meia hora, subi para o quarto tirei minha roupa e joguei no lixo, fui em direção ao banheiro, quando senti a ducha quente cai sobre meu corpo varrendo toda aquela confusão comecei a pensar com mais clareza em alguns, eu não me sentia revoltado com a ideia de Ray criar uma ONG me sentia revoltado por ela escolher pessoas que tentaram lhe fazer mal, por que? Essa era a questão que não entendia enterrei o rosto entre as mãos como se ali conseguiria buscar as respostas que tanto queria. Me sentia um fracasso total, a lembrança da nossa estadia na França, seu sorriso ao acordar e como ela ficava linda sonolenta, seus suaves suspiros quando entrava em um sono profundo e como se voltava a mim depois de um sonho ruim, Ray tinha uma terrível maneira de tomar café com manteiga em dias frios ela dizia que isso a impedia de ter dores de garganta, e como sua voz ficava perfeita cantado Madeleine Peyroux.

Sai da ducha pois os dedos dos meus pés já estavam começando a enruga, me sequei e vesti uma calça de moletom e me joguei na minha antiga cama, minha mãe tinha a mania de manter nossos antigos quartos para quando isto acontecesse, bom ela não estava errada. Puxei meu telefone, descartei as mensagens de trabalho e fui até sua janela Ray estava online vi quando "digitando" apareceu mas logo sumiu esperei alguns segundos pensando em enviaria o que estava preste a escrever, mas nada. Será que deveria lhe enviar uma mensagem? Um boa noite talvez, há claro que irei enviar depois a merda que tinha feito não esperaria um emoji de beijo me desejando bons sonhos.

Deixei o telefone cai sobre o peito e fiquei olhando para o teto onde tinha pregado o poster da Demi Moore em Striptease, soltei uma risada lembravam-me de cada masturbação que fiz olhando para aquele poster. O telefone em meu peito vibrou o telefone era de casa, franzi o cenho.

— Ray?

— Senhor Bruce — a voz de Benjamin soou baixa e cautelosa.

— Benjamin? — me ergui sentando na cama.

— Er..eu.. olá.

— Olá. — Ele parecia com medo de algo — aconteceu algo?

— Ray não para de chorar... está muito triste.

— Eu sei... — soltei um longo suspiro fechando os olhos. — Olha,...

— Senhor Bruce, sei que o senhor não gosta de mim — disse o garoto — mas isso não dar o senhor o direito de descontar nela.

Naquele momento ele pareceu tão mais velho e sábio que me senti estranho por concordar com ele.

— Mas gosto muito da Ray, ela me tirou da rua e disse que iria me adotar — ele conta — mas antes que o senhor deveria aceitar o fato dela querer ajudar os outros. Sabe senhor, vim da rua e não sabia como era ter uma família até ela me encontrar, quando o senhor gritou daquela maneira no dia que cheguei pensei em fugir e voltar para Manny...

— Quem e Manny? — interrompi.

— Um homi muito mal — disse — ele me batia, e batia em meus irmãos.

— É...onde esse Manny vive ? — perguntei, não sabia por que estava perguntando aquelas coisas, mas simplesmente saia.

— Nos lados do Bronks... — ele retomou o fôlego — só... pense que existe muitas crianças na rua que não tiveram a mesma sorte que eu... Boa noite senhor Bruce.

— Boa noite Benjamin.

Ensina-me - Felizes para sempre?Onde histórias criam vida. Descubra agora