Sabes

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[...]Sabes no pido nada mas
Que estar entre tus brazos
Y huir de todo el mal. [...]

Após pegar o primeiro táxi que passou pela extensa rua hoteleira, Maite chegou no aeroporto as pressas, pagou o motorista e antes que ele pudesse retirar as malas do porta-malas ela mesma já havia tirado. Agarrou na pequena mão de Luna que andava assustada com a reação da mãe e andou o mais rápido que pode como se houvesse alguém as perseguindo. Quando chegou ao guichê da primeira companhia aérea que viu pela frente, pediu as passagens mais breves e despachou as malas ficando apenas com uma bolsa de ombros da filha que ela havia arrumado no translado do hotel ao aeroporto.

Se aproximaram das inúmeras cadeiras para esperar o voo já confirmado ser anunciado e se sentaram. Maite pôs a menina de seu lado e por um momento colocou o rosto entre as duas mãos e as pernas e permitiu liberar a agonia que sentia dentro de si. Chorou em silêncio lembrando de tudo que havia visto e ouvido e somente levantou a cabeça quando escutou o voo que iria ser anunciado. Antes de levantar-se secou o rosto com as mãos mesmo, respirou fundo e somente seguro a filha no colo que pela primeira vez pode perceber o quanto a menina tinha sido afetada. Luna não tinha outra reação desde quando tudo aconteceu a não ser uma carinha confusa, de espanto e choro sem nada dizer. Maite deitou a cabeça da filha em seu ombro e saiu para o portão de embarque. Quando entrou no avião, procurou seu assento e sentou-se ainda com a menina em seu colo, pode perceber pelo reflexo da televisão a maneira como ela também estava: o rosto inchado de tanta raiva e lágrimas brilhavam em meio a também algumas gotas de suor por causa do bendito calor que fazia na cidade, o cabelo liso e solto bagunçado da mesma maneira como tinha deixado quando foi buscar o marido (ou ex) e a filha e sua roupa totalmente de verão tão básica e inapropriada para aquele ambiente. Olhou a menina de olhos fechados que segura e viu que a pequena também estava sem roupas apropriadas para o avião, apenas com um vestidinho florido e de tecido leve e sapatilhas nos pés, o cabelo havia secado ao natural e bagunçado. Sentiu uma onda de tristeza e dó ao se deparar naquela situação, não por ela que já adulta sabia lidar com as perdas, mas sim pela filha que tinha presenciado toda a confusão colocando sua cabecinha em um enorme transtorno.

- Minha pequeña Luna... – Chamou delicadamente em sussurro próximo ao ouvido da menina. – Põem esse casaquinho. – Retirou as mãos de Luna de sua cintura e passou o casaco por seus braços prendendo os botões para que ela ficasse mais quentinha já que geralmente o avião costumava ficar bem frio. A abraçou novamente e beijou todo seu rosto agradecendo a Deus em pensamento por pelo menos ter uma base para seguir adiante. Não aguentaria passar por mais uma traição.

Antes de o avião decolar e pedirem para ativar o modo avião dos celulares, Maite decide mandar uma mensagem para sua melhor amiga e também para sua mãe avisando que estaria de retorno mais cedo que o previsto. Desligou o celular e ajeitou a cabeça no encosto da poltrona para tentar descansar, não tinha sono, mas sentia-se como se um elefante tivesse passado por seu corpo. Luna já dormia tranquilamente agarrada a seu corpo.

***

- A Maite está voltando! – Jessica Coch exclamou quando viu a mensagem no celular. Estava no set de gravações da novela que fazia e praticamente todo o elenco eram de amigos de Maite, sabiam que a morena estava viajando e voltaria apenas um dia depois. – Não to sentindo coisa boa. – Proferiu sentindo um receio, perto de si estava à amiga Zuria Vega e William que logo se aproximaram para ler a mensagem.

- Como assim? – Zuria perguntou assustada. – Essas monossílabas não indicam coisa boa. O que será que pode ter acontecido?

- E ela estava bem né, postou foto da Luna e apesar de eu não conversar com ela vi também uma foto de Bom Dia outro dia no seu celular Coch. – William confessou esperando um tapa. Zuria riu e Jessica o olhou indignada.

- Você andou mexendo no meu celular? Cadê a liberdade que eu não te dei? – Ela respondeu fazendo cara feia. – Sua sorte é que agora estou muito preocupada.

- Que horas ela chega? – Perguntou William.

- Não disse, mas são apenas duas horas e meia de voo então logo ela retorna. Não posso sair daqui, minhas gravações vão até às 20h hoje e agora que são 17h. – Coch bloqueou o celular e olhou sério para William e Zuria.

- Não tem problema, eu vou atrás dela na frente e depois vocês vão pra casa dela. – As meninas assentiram e ele saiu para avisar o produtor da novela que por uma emergência não ficaria. Só teria mais uma cena para gravar, mas como sabia que esta não demoraria menos que duas horas pediu para deixar para o outro dia e foi ao camarim buscar a chave do carro e seu celular para ir ao encontro de Maite no aeroporto.

A amizade de Maite e William sempre fora muito grande, mas mantinham discrição já que sempre que alguém os via juntos vinha à tona o mesmo assunto de sempre e também Cristian detestava o loiro. Como todos já sabiam em Cuidado com el Ángel quando Maite descobriu a traição de Guido, ela e William mantiveram uma relação, mas que fora de curto tempo já que Elizabeth, a mãe dos filhos de William estava fazendo da vida dos dois um inferno ameaçando contar a toda imprensa que ele a havia traído. Novamente protagonizaram juntos Triunfo del Amor e apesar de parecerem tão distantes, quando podiam estavam juntos e os beijos eram garantidos. Mas essa relação foi esfriando após chegar Koko na vida de Maite e até a amizade se transformou em encontros casuais pela Televisa. William sentia falta daquela Maite, tentava esquece-la, mas não era fácil.

[...] Sabes no dejo de pensar
Que estoy enamorado
Te quiero confesar
Que soy solo un esclavo
Que no sabe vivir sin ti [...]

No momento estava em processo de separação com Elizabeth e se sentia mais livre que nunca. Seus filhos ficariam com a mãe, mas ele não deixaria de visita-los e leva-los para viagens. Sua maior preocupação naquele instante era saber o porquê da morena estar voltando e pelo que lera a mensagem não passava felicidade.

O trajeto entre a Televisa e o aeroporto tinha duração um pouco menos que a viagem de Maite então chegaria lá para pega-la de surpresa no portão de saída. Sentia o coração bater forte, parecia que quando chegasse ali poderia abraça-la forte e dizer tudo o que sentia, mas sabia que não podia. Ela já não se importava mais com ele, estavam praticamente casada e ela não mandava mensagens, quando se viam era apenas um "Oi, tudo bem" e pronto, mas tudo aquilo não importava. Estava preocupado com ela e só queria que aquela bendita rodovia acabasse... Quando chegou, tratou de estacionar rapidamente, colocou o cartão do estacionamento no bolso e ativou o alarme do carro correndo para chegar à primeira porta que viu pela frente. Ao adentrar no enorme aeroporto pôs-se a olhar os voos que já estavam chegando por um dos vários monitores que tinham ali... 

Olhou no relógio e percebeu que já eram 19:30 e por sorte as encontraria ou saindo do avião ou já pelo aeroporto

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Olhou no relógio e percebeu que já eram 19:30 e por sorte as encontraria ou saindo do avião ou já pelo aeroporto. Até o portão de desembarque William foi prestando atenção em cada mulher morena que passava por si, mas nenhuma era Maite. Parou em frente às fitas que separavam a saída do portão da grande quantidade de pessoas que havia ali para buscar alguém e esperou alguns segundo até avistar Maite sair séria empurrando um carrinho com malas e Luna em cima das mesmas. Deixou que ela se aproximasse mais de das fitas e se aproximou a chamando...

- Mai! – Apenas precisou dizer uma vez e o seu olhar bateu de encontro aos olhos cor de amêndoas da morena. Ela parecia bem surpresa ao vê-lo ali e com certeza aquilo era uma surpresa. Achou que voltaria sozinha para casa, pediria um táxi para ir até seu apartamento para não atrapalhar ninguém.


- William? O que faz aqui? – Maite perguntou espantada. – Quem te avisou que eu chegava agora?

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