O Coelho Ataca Novamente

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          O barulho atordoante e ensurdecedor do despertador me arrancou do mundo dos sonhos. Bufei e dei um tapa no aparelho, que logo se silenciou ao colidir com a parede. Se meus ouvidos falassem, eles agradeceriam. Bocejei e esfreguei os olhos, tentando acostumá-los a claridade do quarto, que já não bastava ser em tons de branco e cinza, intensificando a minha dor. Sentei na cama e fiquei parado por alguns segundos, esperando a moleza e tontura de ter recém acordado. Logo me levantei e fui caminhando lentamente até o banheiro que ficava no canto sudeste da suíte.

          "Ah! Até num sábado eu tenho que acordar cedo para coordenar aquela maldita empresa! Aqueles inúteis não conseguiriam fazer nada sem minhas ordens! Ficam iguais a um bando de moscas tontas trancadas num pote!"

          Tirei a única peça de roupa que usava para dormir, joguei no cesto de roupas sujas e entrei no box. A água fria acalmava meus nervos e relaxava meus músculos. Não estava com paciência, nem ânimo para aliviar minha ereção. Não demorei no banho, me sequei e enrolei a toalha na cintura.

          Escovei os dentes e logo me dirigi até o closet, peguei uma calça jeans branca, uma blusa azul marinho com listras brancas, um blazer preto e um sapato social, também, preto. Sequei o cabelo e o escovei num topete, coloquei um relógio dourado no pulso direito, escovei os dentes e me perfumei. Peguei meu celular e saí do quarto, deixando a porta aberta para a empregada arrumar.

- Bom dia, senhor. - Takashi Watanabe, um senhor de idade, beta, com óculos fofos na sua face, que já estava debilitada pelo seu tempo de vida, meu mordomo, se aproximou. Ele usava seu habitual fraque preto com camisa branca e calça cinza, seus cabelos grisalhos, ou o que restou deles, penteados para trás. Não existia nenhum resquício de pelos no seu maxilar, restando apenas a sua pele branca e lisa.

- Bom dia, Takashi. - lancei um sorriso alegre para o homem que cuidou de mim desde que eu nasci. - Algo importante para hoje?

- Têm uma reunião às 10h para escolherem os novos estagiários da universidade. E... - continuou falando os meus afazeres enquanto adentrava a sala de jantar, as empregadas já deixaram tudo pronto.

          O cheiro delicioso da comida invadia minhas narinas, era maravilhoso. O canto dos pássaros nas árvores do jardim me transmitia uma calma imensa, podia sentir que algo grande viria. Só não sabia se era bom ou mau. Meu celular tocou, era Nara Yoshida, minha secretária.

- Fala! - assim que a palavra saiu dos meus lábios o líquido amarelo do meu suco invadiu minha boca.

"Senhor Akira! O senhor tem que vir AGORA para a empresa! O senhor Hideki Kimura, o patrocinador da banda Sweet Girls, está enfurecido com as atitudes das meninas na entrevista de ontem! O senhor tem que vir! E rápido!"

- Okay. - suspirei me levantando. - Chego aí em alguns minutos! - desliguei o aparelho, apressando, praticamente corri para o banheiro e escovei os dentes.

- Tenha um bom trabalho, senhor Akira! - Takashi se despediu de mim ao me ver entrando no meu Zenvo ST1 branco.

- Cuide das coisas aqui pra mim. - sorri, pude vê-lo retribuir a minha ação. Coloquei os óculos escuros, fechei a porta do veículo, liguei-o e me dirigi para a empresa, à música que soava dos alto-falantes amenizava minha raiva.

          Não sei quanto tempo levou, só sei que foi rápido. Logo estava na frente do grandioso prédio, deixei o carro para um funcionário estacionar para mim. Ele me cumprimentou e eu sorri, me dirigi apressado para a porta de vidro, que se abriu para a minha passagem. Caminhava em passos curtos e rápidos até o elevador, precisava chegar à sala de reunião imediatamente para resolver o que me gerava mais dor de cabeça.

Dear Tokyo - ABANDONADAOnde histórias criam vida. Descubra agora