Gritinhos Gays

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- HEY, HEY, HEY! - Freya batia na porta do meu quarto. Era de tarde, o sol ardente iluminava tudo e todos, os passarinhos cantavam alegres, seus cantos se misturando com o som infernal do trânsito. Eu estava vestindo meu pijama quando fui forçado a me levantar para abrir a porta. - Vamos naquele lugarzinho de comer que tem o tema do anime Kuroshitsuji?! Eu estava louco para ir lá desde que vi o primeiro episódio dessa maravilha! - dizia animado e sorridente enquanto entrava no meu quarto e eu fechava a porta. - Ainda tá de pijama? - cruzou os braços, e me olhando dos pés a cabeça. Eu nem estava usando os óculos devo estar com o cabelo e a cara amassados, para piorar minha cena deplorável. - AH! - deu um gritinho agudo, o que me fez dar um pulo e me encolher. - AH! Você é muito fofo! SOCORRO! - apertou minhas bochechas, me fazendo soltar um resmungo irritado. - Eu. Vou. Colocar você. Em um. POTINHO MUITO FOFO E CUIDAR DE VOCÊ PRA QUE NINGUÉM TE FAÇA MAL! - falava pausadamente enquanto balançava minha cabeça, ainda em suas mãos. - Se eu não te amasse juro que te explodiria de tão fofucho que você é! - soltei-me de suas garras, me afastei e cruzei os braços.

- Quer me matar agora? - Freya riu, provavelmente amando minha expressão de raiva.

- Você é adorável quando está irritado.

- Você precisa de um psicólogo. - não pude evitar sorrir, impossível fixar bravo com um ser tão animado e alegre quanto Freya Rockenbach por perto.

- Tá. Tá. Tá. - falava balançando a mão no ar. - Vai se arrumar e vamos sair! Quero ver tudo sobre animes que têm nessa cidade maravilhosa! Nós vamos no Akihabara, Ikebukuro, Nakano, Harajuku e Nerima! Eu vou é torrar grana comprando uma caralhada de coisa otaku!

- O que mais nós fizemos nesses dois últimos dias além de torrar grana?! - gritei ao entrar no banheiro.

- NADA! - pude ouvir o som do seu corpo caindo no colchão da cama. Tomei uma ducha rápida, me arrumei, peguei a bombinha de asma, o celular e a carteira, e, acompanhado de Freya, saímos da universidade rumo ao bairro nerd mais perto da onde estávamos. - Eu amo muito ver esse bando de árvores de cerejeiras com as sakuras caindo e... AH! - esticou os braços para cima, já que era a única direção "segura", enquanto caminhávamos pelas calçadas movimentadas. - Vamos participar do Hanami?! - perguntou animado e agarrando meu braço esquerdo.

- Nós viemos para o Japão e não vamos participar do grande festival de apreciação às belíssimas flores de cerejeira?! - perguntei irônico e acabamos rindo. - Eu é que não sou trouxa de não participar!

- Nossas aulas só começam no dia dezessete de abril. Considerando que estamos no dia 18 de Março... - pensou.

- Estamos na primavera! - falei animado e Freya começou a saltitava muito ansioso.

- No final da tarde vamos lá?! - seu sorriso era de orelha a orelha, não tive forças e fui contagiado com a alegria.

- Claro! - meu sorriso fez meus olhos tomarem a forma de uma meia lua.

- AI MEU DEUS! - parou bruscamente no meio da calçada e agarrou meus braços, me fazendo olhá-lo nos olhos.

- O que foi, louco?! - estava deveras assustado.

- É primavera! Primavera em japonês é haru! Você se chama Haru! - falou como se fosse à coisa mais óbvia do mundo. Comecei a rir da sua expressão indecifrável, porém hilária.

- O que deu em você?! Bebeu ou usou drogas? - me afastei de suas mãos, acalmando meu riso e respiração.

- Meu Bem! Eu fui parido num hospício! - riu. Vendo que eu acreditaria, especificou que era uma brincadeira com apenas uma palavra. - Praticamente. - não contive uma breve risada.

Dear Tokyo - ABANDONADAOnde histórias criam vida. Descubra agora