Maybe

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          Pânico. Era a única coisa que Haru conseguia processar. Aquelas mãos tocando o seu corpo, aquele cheiro horrível de álcool e alphas repugnantes. Sentia-se nojento, repulsivo, sujo. Dois alphas seguravam seus braços e pernas, mesmo Haru tentando com todas as suas forças se soltar, eles não cediam. Pelo contrário, eles o seguravam com ainda mais força. Haru tentou gritar, queria gritar, mas um pano sujo e asqueroso impedia que a sua voz se soltasse, sem contar na faca na sua garganta. Aquilo tudo doía. E não eram os hematomas que os socos, tapas e chutes proporcionavam; eram os feromônios daqueles alphas o induzindo a entrar no cio. Era como se a sua alma estivesse sendo arrancada de seu corpo lentamente. Sua barriga doía, como se suas entranhas estivessem cheias de ácidos e vermes o devorando de dentro para fora.

         Não sabia para qual canto os seus óculos foram parar, não conseguia ver direito quem era quem, mas ele sabia o que estava acontecendo. Haviam jogado o seu celular para longe, para que não chamasse por ajuda. As lágrimas deixavam sua visão pior do que a de um morcego. Seu coração parecia pronto para explodir; suas células não conseguiam absorver o oxigênio necessário; seus pulmões ardiam sem ar; seu sangue repleto de adrenalina corria pelas suas veias, espalhando-se por todo o seu corpo; seu cérebro não conseguia mais processar algo concreto, estava inebriado em medo e terror. Seu casaco fora usado para amar os seus pulsos, e ser mais fácil de segurá-lo. Não podia revidar, não podia gritar, não podia resistir, se não sua pele viraria (mais uma vez) uma tela, com as cores: vermelho, roxo, amarelo e azul. Cores que doíam. Cores dolorosas.

          Sentia sua blusa sendo levantada, sentia a sua calça sendo aberta, sentia aquelas mãos nojentas tocando sua pele; sentia aqueles dedos o agarrando com força, contra a sua vontade; sentia lábios asquerosos na sua pele; sentia tudo o que eles faziam com o seu corpo. Haru Wood não podia fazer nada, não havia saída. Segurava os seus feromônios mesmo que fosse a pior dor do mundo, segurava-se o quanto podia, não deixaria o seu cio ser induzido mais uma vez. Uma mão agarrou o seu membro e outra provocou a sua entrada, ambos cobertos pelo tecido da calça e da cueca que ainda não haviam sido retirados.


          Akira e a sua manada esconderam os seus feromônios e seguiram o rastro do cheiro do ômega. Daichi guiava o grupo de alphas. Ken e Kenjiro os seguiam logo atrás, apreensivos e com medo. Mas o seu medo não se comparava ao de Akira. Seu coração falhava, sua respiração estava pesada, seu peito afundava de medo. O seu ômega estava em perigo e não sabia onde ele estava.

- Achei! – Daichi parou todos da manada. – Nesse beco. Ele está ali. O que faremos? – olhou para o seu líder esperando ordens.

- Não os matem. – aquela frase saiu da sua garganta como se esfregasse as garras afiadas no chão. Estava com tanta raiva, seu ser inteiro parecia irradiar uma aura de puro ódio.

- Liguem para a polícia. – Yumi beijou Kenjiro e se juntou a sua manada. Daichi os liderou para dentro do beco.

- Hey babacas! – um dos agressores viu-os se aproximando e o restante do seu grupo também se viraram para os "recém chegados".

- Essa puta aqui é nossa. Vão procurar outra. – um deles, provavelmente o líder, fez um movimento com a cabeça e o restante se afastou do ômega. O líder agarrou as madeixas ruivas e puxou com força para cima, revelando o rosto choroso e apavorado de Haru Wood. Suas roupas todas tortas e amassadas e os hematomas visíveis para qualquer um que o olhasse, a boca tampada por um pano, que estava em uma procura desesperada de ar. Akira não sabia o que sentia; medo, pavor ou o puro e mais profundo ódio.

          Haru sabia que Akira Matsuhara estava ali. Suas lágrimas correram ainda mais pelas suas bochechas, podia não estar vendo com nitidez, mas sabia que Akira estava ali. Ele lhe transmitia feromônios que o acalmavam, o transmitia segurança. Riruko tomou a frente, seus pulsos cerrados com tanta força que fazia os nós dos seus dedos ficarem brancos.

Dear Tokyo - ABANDONADAOnde histórias criam vida. Descubra agora