Doce II

31 4 2
                                    



Bastou uma semana e parece que a
obra acabou. Não veio. Esgotou-se. Fiquei a
te esperar como quem precisa de
tempo. Como quem precisa de
oxigênio. Todo dia, dia comum no
inferno. Pressão alta paulista. São Paulo
moderno. Sem garoa. Sem uma mísera
garoa. Avenida Castelo Branco ou
Maracanã? Vou viver na praga.

Depois, quando voltou, te ver olhando outro
olhar foi tortura. Fundida em areia. Não
conseguia parar de pensar em
morte. Cianureto. Dois filhos de uma
puta. Olhos vidrados no banco ao
lado nada. Nenhuma nota bossa
nova. Nenhum tato como
qualquer embriagado. Como um
embriagado qualquer.

Sorrindo com os olhos, não há o que
aproveitar. Investida. Errado o suficiente pra
ser bem errado. A dor volta e com ela a
poesia, obrigando-nos a tomar toda a água
contaminada de nossas represas. A rampa virou
tobogã. Qual o tamanho da diversão que posso
proporcionar? Enquanto houver sorriso
em seu rosto, bastante das coisas
imagino, vá lá saber.

Natureza ImpostaWhere stories live. Discover now