Palavra estranha
caída em desuso. Outra,
desuso. Uma série de
palavras somadas
estranhas. Sugestões.
Pessoas voláteis. Um
peso sobe aos ombros
pôr sobre as costas. Como o
camelo, corcunda.
Incêndio. Nunca grelhado no
fogo como churrasco. Nunca
gostoso o suficiente
para valer a falta de um
boa noite.
Olhos nos olhos. Sem
evitar a menina do
olho do outro. Um
pequeno gesto estranho de
contentamento ante ao
desconhecidamente, até
então, farto olhar. Dois
olhos fundos próximos da
morte por óculos de sol. Longe da
morte por rimas. Longe da
falha dos
rins. Tudo, sempre, poderia ser pior.
Uma tarde em que o café, que você
pagou caro, está
frio. Uma tarde em que o
trem fecha a porta
quando você estava
prestes a entrar,
atrasado. Uma tarde em que ela
diz que só voltará no outro dia e, por
meias
palavras
voláteis,
que será no dia
depois do outro, talvez.
Tudo, sempre, poderia ser pior.
Todas situações
completamente pouco
importantes. Milhares de
coisas piores. Milhares de
assuntos aleatórios.
Você gosta de momentos e
saudosismo. Hoje
estava no bar. Uma
garrafa de Vodka,
apenas uma dose,
algumas cervejas. Muito
pouco. Mais depressivo do que
ébrio. Você gosta
dessa palavra. Hoje eu
gostaria de estar com
ela na alma. Vomitando na
sarjeta. Longe de
todos esses pensamentos.
Muitas palavras irrefletidas e
cruéis. O perdão depois de um
dia confuso e um
poema terminado dois
meses depois. Perspectivas
diferentes sobre as
mesmas questões . Variações de um
mesmo tema.
Uma tarde em que
você está estudando e
esquece de dizer o
quanto a gosta. Ora,
tão desimportante! Tudo
tão não meu
quando não se refere a mim.
Gostaria apenas te
abraçar em um dia
triste em que confunde os
problemas. Em que
mistura os problemas
todos. Gostaria apenas de
pegar em suas mãos. Ver um
filme contigo, cortar a
carne para fritar,
perguntar como está a
sua avó e se algum de
seus muitos amigos
virá nos visitar hoje. Fumar
unzinho e ouvir Coltrane ou Milton.
Tudo tão distante se
não te vejo com meus
olhos cansados, desiguais e
voláteis. Se não te
vejo com os olhos a
transbordar e escorrer no rosto. Se
não é seu rosto que
vejo refletido no
fundo dessa
xícara de café.
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Natureza Imposta
PoetryPoemas longos e não rimados para pessoas com tempo. "Se me levanto, ando em círculos. Sozinho. Posso cantar para você dormir? Posso contar e ouvir resposta sem barulho de ar ou marulho de águas? Me diga besteiras ou trechos eclesiásticos. Qualquer ...