Breves e Entrecortados

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I


Se a vejo pelos cantos, é

raro, mas a vejo pelos lados dos

olhos. Vejo o lado de sua

face. Com seus cabelos, fogo

fátuo, e seu óculos, falso

pince-nez. Se a vejo,

sinto-me morrer.


E a procuro, ainda

assim. A procuro para pôr

ponto, para tentar pôr

fim. Enfim, sou a causa do

terror que me consome em

estrofes. Versos de

ônibus. Versos de

memória fresca.


Pensei que deixaria para trás

esse ínfimo sentimento,

puro, por beleza. Mas é

perdido como ferrugem em

dois gumes. Difícil esconder do

olhar que me cobre e me

confina. Se me apaixono em

pontos de táxi, em

barracas de praia, por que

não me apaixonar aqui, com os

olhos cheios de espanto e ternura?



II


Soou aos céus um som. Uma

bela palavra, dita ao vento. E o

vento disse: – Não mais quero

ouvir-te, oh mais relés dos mortais,

ponha fim!, eu, que imortal sou, que

existo no mais árido sertão e na

mais fresca plantação, não

ouvirei mais suas lamúrias

indistintas e indecifráveis – O que

será de mim? Se nem o vento

pode ouvir minhas preces, o que

será de mim?


Andarei pelas ruas com meu cabelo em

desalinho. Ouvi cantar as

curvas dos prédios: sons guturais,

inaturais. Gritavam qualquer coisa

inaudível. Qualquer coisa

dizia muito. Diziam

muito. Não poderia haver começo nem

haveria lembrança do

caminho. Se lembravam

apenas do fim.


Me arruinou e sei que, ao pequeno

Natureza ImpostaWhere stories live. Discover now