Cp. 43

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Jason.

Acordei sozinho, o que não foi uma grande surpresa já que todas as mulheres que eu levava pra cama sempre já tinham ido embora quando eu acordava. De vez em quando ainda tinha as que ficavam no pé, mas a maioria sempre já tinham ido quando acordava. O que me surpreendeu foi o fato de eu ter ficado meio puto com isso.

Tudo bem a gente ser uma foda amiga, muito moderno. Mas, depois da noite passada, senti que rolava algo mais que nem eu nem ela íamos conseguir ignorar. Nós combinamos. A gente simplesmente dá certo. Se existem duas pessoas no mundo que devem fazer sexo regularmente, somos nós dois.

E o fato de ela ter ido embora com tanta facilidade me irritou além da conta. Não sou arrogante ao ponto de achar que sou o melhor dos amantes. Mas, como prometi para Megan, foi muito bom, e fiquei chateado de ela ter ido embora tão cedo. Não sabia se era só meu ego ferido ou outra coisa e não estava gostando nem um pouco disso.

Levantei da cama e entrei embaixo do chuveiro. Saí com meu celular tocando em cima do criado-mudo que tinha deixado ontem a noite. Era uma ligação do Kenny, que é guitarrista de uma banda de punk rock que eu curto muito e que já compus algumas músicas pra eles. O celular parou de tocar quando o peguei na mão.

Tirei o cabelo molhado do rosto e fiquei girando o anel no meu dedão enquanto retornava a ligação do Kenny. Estava me preparando para deixar uma mensagem, mas ele atendeu.

- Cara, te liguei a manhã inteira. - ele dizia enquanto peguei o violão largado no chão e dedilhei as cordas.

- É, fiquei acordado até tarde e estou meio lerdo hoje. - ele deu risada.

- Parece divertido. - não sei se "divertido" é a palavra certa, estava mais para "transformador", mas o Kenny é um metaleiro das antigas e não ia entender o significado disso. Nem me dei ao trabalho de explicar.

- É, algo assim. E aí? Achei que você já estavam se preparando para ir à Europa, fazer a turnê de divulgação do novo álbum da sua banda.

Ir para Europa é uma coisa importante. A divulgação mundial é enorme. Além do mais, é divertido e empolgante tocar em lugares novos, para plateias que são muito mais exigentes. O punk rock europeu dá
de dez a zero nos daqui.

- Para falar a verdade, é por isso que eu estou ligando. O vocalista da nossa banda deu pra trás, teve alguns problemas e se mandou. Sei lá o que
aconteceu. Mas ele caiu fora e precisamos de um substituto. Nos sugeriram alguns, mas não estou muito a afim de passar dois meses na estrada com nenhum deles. Pensei em você. - soltei um suspiro.

- Você sabe que não canto em público, mal estou fazendo shows como DJ. Imagina cantar numa banda de rock?!

- Caralho, Jason. Você é mesmo complicado e problemático.

- Pode me agradecer. É por isso que consigo mandar uns sons tão massas, e támbem compor músicas pra sua banda. - o Kenny deu risada de novo, mas ficou sério bem rápido.

- Vem fazer a turnê com a gente. Eu nem devia estar te convidando, porque a gravadora Enmity é muito melhor do que a gente. Mas vai ser divertido, e é a melhor divulgação que você poderia ter. São só dois meses, e você sabe que você é perfeito para isso.

Dois meses são dois meses. E passar esse tempo todo longe da minha boate e agora sabendo da situação da minha tia, eu não sei não. Sair por dois meses enquanto meu tio fica aqui aprontando todas me dá arrepios. Além do mais, tenho que resolver o que ia fazer com a Megan.

Se ficar dois meses fora, acho que, quando eu voltar, ela vai estar enroscada com o meu irmão ou com o primeiro sujeito que aparecer usando blazer de lã com aqueles remendos de couro no cotovelo. Sei o que ela quer, mas o que precisa de verdade é totalmente diferente. Se eu for para Europa, tenho certeza que vai voltar para aquela vidinha chata e previsível.

O Homem da Boate. Onde histórias criam vida. Descubra agora