Cp. 52

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Megan.

- Já te falei que esse corte de cabelo combinou contigo? - perguntei para Sofia que revirou os olhos pois sabia que eu estava tentando desviar o assunto.

- Já sim, umas quinhentas vezes. - Sofia respondeu.

Eu estava apertando a caneca de café entre as mãos e olhando fixamente para aquele líquido escuro, como se ele tivesse as respostas para todas as perguntas do universo. Dava para sentir aqueles olhos escuros da Sofia me analisando e me dissecando. Mas, até ali, ela tinha ficado de boca fechada e me deixado falar. A gente estava no Balzac's, pelo jeito duro que minha amiga estava sentada, dava para sentir que ela não estava muito feliz comigo.

Liguei para Sofia em pânico ontem, eu precisava falar da situação do Noah, e do por quê eu estive tão estranha depois que voltei do banheiro daquele bar. Enquanto ela foi atender um cliente eu estava montando na minha cabeça como e por onde eu começo a falar, quando ela se aproximou de mim segurei firme na caneca e tomei coragem.

- Quando eu estava namorando o Noah eu realmente acreditava que ele era um homem decente e confiável, mas, aos poucos algumas pessoas estranhas o paravam na rua para o cumprimentar, o que eu achava normal, sabe como sou devagar para perceber algumas coisas né?! Até um dia ouvir uma conversa dele com um tal de Ricky, eles falavam algo sobre alguma dívida que Noah tinha que pagar. - respirei fundo, olhei para a caneca e depois para minha amiga que parecia um pouco perdida - Enfim, eu nem liguei porque achei que era bobagem da minha cabeça. A algumas semanas enquanto sai para correr Noah me parou e disse que precisava da minha ajuda, que tinha se metido em algum problema, mas ignorei e falei para ele se afastar e me deixar em paz. Depois de um tempo minha mãe reclamou que tinha alguém rondando minha casa, no entanto pensei que era algum nóia querendo roubar alguma coisa. E a alguns dias atrás vi Noah conversando com James, com certeza achou que ainda tínhamos alguma coisa e estava o usando para me atingir. Pedi novamente para que parasse de tentar entrar na minha vida porque isso não iria acontecer de jeito nenhum.

A Sofia relaxou os lábios e ficou com uma expressão preocupada, mas ficou em silêncio e esperou eu continuar falando, tomei o ar para continuar.

- E aquela noite no bar que eu voltei estranha para a mesa, o Ricky que era um suposto "amigo" de Noah apareceu no banheiro e me encurralou contra a parede perguntando sobre o Noah, que ele tinha roubado alguma coisa de alguma turma da pesada. O Ricky praticamente confirmou que foi ele quem estava rondando minha casa, mas afirmei que não tinha mais relação nenhuma com o Noah. Mas ele fechou a cara e disse que ninguém está nem aí pra isso. - ela arregalou aqueles olhos castanhos e antes que pudesse me interromper, continuei - Ele exijiu que eu falasse com o Noah e recuperasse o tal do objeto roubado, se não era capaz de machucar a mim, a ele ou a qualquer um que o afetasse. É isso, contei tudo que estava entalado. - suspirei.

Me mexi na cadeira, incomodada, e dei uma olhada em volta para garantir que ninguém estava ouvindo a nossa conversa. Sofia sentou ao meu lado e conferiu se ninguém estava precisando dela.

- Isso tudo é uma bosta, uma bosta mesmo, e fico feliz por você finalmente ter me contado tudo. Tenho vontade de matar essas pessoas que estão no seu pé. Mas não consigo entender o que essa história horrível tem a ver com você terminar com o Jason, quando é óbvio que você está completamente apaixonada por ele. E ele nunca vai tratar você mal.

Me encolhi toda, porque nada neste mundo vai apagar aquele olhar que o Jason me deu quando larguei ele no Kenny. A luz que circulava aqueles olhos tinha se apagado ao ponto de eles ficarem completamente escuros.

- Não terminei com ele, a gente nem estava namorando.

Foi o máximo que consegui dizer para minimizar o prejuízo, apesar de ser uma mentira deslavada. Eu não só tinha terminado com ele e com o que a gente estava construindo. Tinha feito o que faço de melhor, fugir. Fiquei abismada porque, apesar de ser pequena, a Sofia quando quer fica muito maior, por causa da atitude. Não estava esperando minha amiga levantar do banco e ficar me olhando como se eu tivesse acabado de chutar ela.

O Homem da Boate. Onde histórias criam vida. Descubra agora