Cp. 53

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Jason.

Essa semana foi torturante, tenho fugido da Megan o máximo que eu posso. Estou exausto, a maior parte do tempo estou ensaiando para a turnê e vou para casa dormir bem na hora que a Megan sai para a escola. Ando compondo muitas músicas, letras que chegam doer o coração. De vez em quando a gente se cruza de manhã na cozinha, mas não passa de "bom dia".

Neste momento, estou sentado no tribunal. E, apesar de ter aguardado tanto por esse momento, me sinto como o pavio de um bastão de dinamite. Meu advogado fica pedindo para eu parar de me mexer. Mas estou muito nervoso, porque meu tio está sentado do outro lado da sala, machucado e com a maior cara de louco. Minha tia está sentada atrás dele, com um olhar nervoso que vai de um para o outro. Cobriu cuidadosamente o olho roxo com maquiagem, e dá para ver que ela está se segurando para não chorar.

Meu irmão James veio para minha surpresa, e está sentado atrás de mim. Ele acena para mim quando o olho me fazendo retribuir o cumprimento. Também estou me sentindo pouco à vontade de usar uma calça slim e uma camisa social branca. Me sinto uma grande farsa do meu irmão. 

Esse modelito de tribunal é um saco, mas dá para ver, pelo jeito que o juiz fica medindo meu cabelo e os piercings nas minhas orelhas, que me arrumar foi uma boa. O advogado do meu tio abre a sessão e fica falando de como agressão é um crime sério e como eu fiz o meu tio ir parar no hospital. Diz que traumatizei e criei um caos na minha família. Fala que já tive problemas com a lei e tenta me fazer parecer um arruaceiro descontrolado.

Meu advogado argumenta que foi meu tio quem instigou a briga e que eu só tentei proteger a mulher que eu considero minha mãe. Os dois ficam argumentando por um tempo, e meu tio não para de bufar. Me esforço para ficar quieto, para não mandar olhares mortíferos para o outro lado do tribunal. O juiz diz que já viu muitos casos como esse. E, apesar de o meu tio querer me mandar para cadeia, só recebo a pena que já tinha previsto.

 Um milhão de horas de serviço comunitário, condicional por seis meses, e um monte de multas. Também me fazem pagar pelas despesas médicas dele e soltam uma ordem de restrição que me proíbe chegar a menos de oitenta metros dele ou da casa por noventa dias. 

Concordo prontamente com tudo, de quebra, assisto de camarote a meu tio ficar roxo de raiva quando peço para adiar o serviço comunitário e acertar os termos da minha condicional para poder sair do país e fazer a turnê. Minha tia dá um suspiro de espanto quando o juiz encerra o caso e o policial que me levou para cadeia contorna a mesa e joga uma pasta bem pesada na frente do meu tio. Me dá vontade de levantar e fazer uma dancinha da vitória. Meu advogado teve que mexer muitos pauzinhos no mundo das leis para as coisas terminarem desse jeito. 

- O senhor sabe o que aparece nessas fotos, sr. Connor? 

O advogado do meu tio está surtando, falando um monte de merda, mas ninguém presta atenção. Quando as fotos claras e incontestáveis do meu tio batendo na minha tia se espalham pela mesa, minha tia põe as duas mãos na frente da boca, numa expressão óbvia de culpa. Meu tio fica de uma cor que nunca vi na minha vida. Levanta da cadeira com tanta violência que ela cai para trás. Os policiais que estavam no tribunal ficam tensos. 

- Não sou eu! - aí aponta para mim - Seu merdinha! Você armou para mim! - ele grita. Me recosto na cadeira e me seguro para não rir. 

- Não é minha culpa que você foi pego, e pode apostar que vou prestar todas as queixas possíveis e imagináveis. - faço sinal com a cabeça para o policial que está colocando as algemas nele - É a última vez que você apronta com minha família. Acabou. Espero que você apodreça na cadeia. 

- Sou praticamente seu pai, Jason! - só sacudo a cabeça, levanto da cadeira quase perdendo a paciência.

- Não mesmo. Isso você nunca foi. - James diz atrás de mim, olho para trás e vejo a raiva nos olhos iguais aos meus.

O Homem da Boate. Onde histórias criam vida. Descubra agora