XI. Porto Lendário

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Não demorou muito até que chegassem ao porto. Nuvens se espalhavam abaixo do topo dos portões, mas logo surgia algum navante para desfazê-las, atravessando-as. Havia tantos navantes atracados ou em movimento que não era possível sequer contá-los, passavam de mil, talvez. O navante desacelerou ao se aproximar de uma das bases de pouso.

– Prepara para atracar. – Ordenou o Capitão Vomthire. – Recolher velas e dobrar asas.

Outros repetiram as ordens, cumprindo os papeis de intendentes. A tripulação começou a se mexer, puxando cordas e folgando outras, dobrando as asas à lateral do navante, assemelhando-o a um pássaro. Rezz, Lièspe e muitos outros ajudaram como puderam. Etro, ao sair do cesto da gávea, quase despencou, mas não passou de um susto.

Homens lançaram ganchos no navio. Yilen e um tripulante enrolaram o gancho ao mastro, prendendo-o na própria corda que trazia. Quando todos os ganchos estavam presos, os trabalhadores do cais começaram a puxar o navante para a terra, até que encaixasse sobre uma plataforma de metal com encaixe para a quilha, evitando assim que o navante inclinasse e caísse.

– Abaixar a escada. – Ordenaram.

Dois tripulantes tomaram a iniciativa. Gage reuniu os aprendizes no convés, em frente a própria cabine.

– Meus homens descarregarão parte da mercadoria agora. Quanto a isso, não se preocupem, estão dispensados. – Ouviu-se suspiros de alívio e vivas. – Entretanto, formem uma coluna.

Todos obedeceram aos empurrões.

– Rezz e Alleyx vão à Torre do Edaestro. – Disse Gage, apontando para os dois. – Arknel e Ondaro para a Torre Safírica.

– Arian e Etro para a Torre do Esmeráldico. – Disse Richard, o intendente do capitão.

– Ótimo. – Concordou o capitão. – Lophan e Yilen irão à Torre do Turquesado. Ecco e Nthaír à Torre do Rubicundo.

Zäja, Yearnan e Casiraghe eram os últimos.

– Zäja e Casiraghe vão para a Torre do Diamantista. – Disse, por fim, o capitão Vomthire.

– E quanto a mim? – Perguntou Yearnan.

– Ficará aqui. – Respondeu.

Yearnan pareceu desolado. Não viera tão longe até uma cidade descomunal e de proporções épicas para permanecer no navante.

– Vão. – Disse o capitão. – Terão de retornar antes que toquem os sinos. Não voltem de mãos vazias.

– O que devemos fazer? – Perguntou Alleyx.

– O teste. – Respondeu o capitão, retirando-se sem esclarecer.

O intendente Richard falou no lugar dele.

– As torres serão salvação ou perdição. É o primeiro teste, não há grandes dificuldades nele. Tragam o que as torres têm para oferecer.

Todos concordaram, sem compreender bem o que aquilo queria dizer. Quando o intendente se retirou, levou Yearnan consigo.

– Vamos repassar. – Sugeriu Ecco a Nthaír.

– Devemos encontrar a Torre do Rubicundo e trazer aquilo que a torre tem para oferecer.

– O que vamos dizer? – Perguntou Ecco.

– Não sei. Mencionamos o nome do capitão?

– Ou o do navante. – Sugeriu.

– Qual o nome do navante?

Os dois encararam o navante. Estava escrito "Capitão de Ferro" do lado de fora. Os outros aprendizes já haviam se dispersado pelo cais.

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