XII. A Torre do Rubicundo

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Ecco levantou-se, xingando os dois rapazes que os empurraram e fugiram. Estava à beira de um cruzamento de quatro ruas estreitas que formavam oito possíveis caminhos, incluindo o de onde vieram. Entre cada um deles havia uma torre. Numa delas, uma porta de madeira com um buraco circular no alto chamou a atenção de Ecco. Ao lado, uma pequena placa vermelha, com um homem rugindo e apontando para a esquerda.

– Nthaír, uma placa! – Disse, esquecendo-se por alguns instantes do sástera e do fleu, dois seres horríveis, que nenhum ser gostaria de ter como adversário.

– Ótimo! – Respondeu, esfriando a cabeça. – Vamos logo.

Andaram na direção indicada e, depois de passarem por duas torres muito, muito grossas, outra placa ordenou que virassem à esquerda, passando por debaixo de uma ponte de arco. Viram-se em uma grande praça redonda e vazia, estranhamente mal iluminada, mas seu chão estava coberto com uma relva irregular. Trepadeiras cresciam e cobriam as paredes de todas as grossas torres que cercavam a praça, tão grossas que dez icanes caberiam no interior de cada uma sem problemas. Havia uma plantinha reluzente que crescia aleatoriamente, sua extremidade brilhava como um pequeno vagalume. As portas de madeira estavam todas fechadas e não tinham identificação. Nas paredes, uma dúzia de tochas apagadas.

A primeira torre, na direção oposta, não era bem uma torre. Era como uma praça elevada, que atingia mais ou menos o ombro de Ecco. Debaixo dela, uma porta muito pequena permitia a passagem para debaixo da terra, talvez para a casa de algum balute, ou um animal pequeno como um castor. Ao lado da porta, uns sete ou oito degraus esculpidos em pedra os auxiliava a subir. Uma vez em cima, mais degraus os levariam à próxima praça, e assim por diante.

À esquerda de onde estavam, um beco os levava de volta a rua de onde vieram. No final do beco era possível ver o fleu e parte do braço do balute, que estava de costas, encostado na parede. Não conseguiam ver o sástera, mas, por via das dúvidas, nem tentaram.

– Você acha que a torre está aqui? Não há nem uma placa. – Disse Lièspe.

– Bom, vamos subir. É no sótão que está a taverna.

Ecco e Nthaír subiram os primeiros degraus e observaram as praças que viriam em seguida, prosseguindo a subida. Tinham que reconhecer, a arquitetura daquele lugar era excepcional. O chão de cada praça ostentava algumas das principais batalhas de Porto Lendário, com os portões esculpidos ao fundo das cenas na maioria das vezes, homens montados em dragões sobrevoando as torres e duas infantarias prestes a colidirem, não fosse o fato de que não passavam de desenhos.

Da segunda para a terceira praça, atravessaram uma larga ponte em arco, a mesma que cobria o corredor por onde passaram. Na terceira praça, ameias foram construídas ao redor dela para prevenir quedas. A luz do eda ao longe já começava a abaixar. Ecco parou para admirar a visão: uma grande e pontuda torre contracenava com o sol. A última torre de praça, menor que a torre pontuda, contanto, era a que bloqueava a luz do eda naquela mísera clareira onde estavam.

– Ecco. – Gritou Nthaír já na quinta praça. – Outra placa.

Ecco correu para alcançá-lo, passando por mais uma ponte em arco entre duas praças de mesma altura. Da quinta praça, onde Nthaír o esperava, outras duas constituíam-se numa bifurcação, mas não era possível ver onde a da esquerda os levaria até que subissem. A placa estava pendurada em um poste no meio das duas, sem indicar nenhuma.

– Por onde devemos ir? – Perguntou Nthaír.

Ecco encarou a praça da direita. Não havia nada nela além de três caixotes grandes e uma trepadeira se espalhando pelo chão.

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