V. Um Objetivo a Ser Cumprido

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Todos entraram desordenadamente no pátio, que revelou-se pálido e seco. Havia muitas pessoas trabalhando por ali, e quase todos tiveram a educação de cumprimentar cada um dos futuros voadores. O lugar tinha estábulos, cozinhas externas, um poço e uma grande forja dentro da área que podiam ver.

Yearnan tentou se aproximar de Ecco, mas foi surpreendido pelo barulho das portas da casa se abrindo. E, com ambas as pernas em ótimo estado, lá estava o irmão mais velho de Helenne, Helgrine Sussini, dispensado do serviço de voador por ter sido seriamente ferido no joelho.

– Antes de tudo, sou Helgrine Sussini, e é um grande prazer poder guiar cada um de vocês para se tornar um voador. Todos nós sabe...

Yearnan o ignorou completamente. Ele mencionou sobre o dormitório que teriam e os horários de refeições, as atividades cotidianas e os perigosos testes que fariam para aprenderem a blá, blá, blá. O único pensamento que conseguia ter era sobre o quão estúpido fora. Por ser órfão, não teve ninguém para se despedir, exceto sua irmã, que estava sozinha em algum lugar de Aerisco, sendo assim, sua maior preocupação. Não havia nada que pudesse ser feito, não dentro de sua mente. Estava dentro da Casa do Voador e todos sabiam que o único modo de sair dali era se tornando um.

Helgrine permitiu que entrassem na casa, sem badernas. Guardas e outros trabalhadores da casa os auxiliaram a encontrar suas camas e quartos, espalhados pelos vários andares da gigantesca torre central. Na realidade, os quartos pareciam celas de uma prisão escura e abandonada. Limpa, mas abandonada. Uma pequena janela em cada quarto iluminava a pedra polida que revestia tanto as paredes quanto o chão. Ela brilhava em tons verdes e profundos, como uma esmeralda que fracamente brilha no escuro.

– Despejem as suas coisas e desçam para o pátio interno. – Disseram os guardas, retirando-se logo em seguida.

Yearnan sentou-se na própria cama e tentou recapitular tudo que havia acontecido. Ecco havia simplesmente desaparecido pela manhã. Tendo sido capturado, estava claro que ele havia ido para Aerisco sem esperar por eles. À princípio, Yearnan considerou que ele tivesse chamado Avyin para ir com ele, mas isto era improvável, já que ele estava ali, mas ela não. Meninas a serviço dos voadores não eram incomuns, embora trabalhassem para as Casas, e não para a Ordem.

– Mal vejo a hora de me tornar um baleeiro. Eu vou matar a maior de todas elas. – Disse um dos dois meninos que passavam em frente ao dormitório, extasiado.

– Você nem sabe o nome dela. – Debochou o outro.

– Claro que sei. É Ochantgar.

Yearnan não conseguiu – ou nem mesmo tentou – entender o que disseram depois disso. Ele nunca tinha ouvido falar em Ochantgar, mas perdeu-se ao imaginar a maior balaena do mundo. Era realmente impressionante. Decidiu se levantar e descer rumo ao pátio interno, mas se deparou com Ecco atravessando o corredor.

– Cara, por que você está aqui?! – Perguntou Ecco, furioso, aos sussurros.

– Eu que devo perguntar por que você não me acordou. – Rebateu.

– Vocês não deviam vir comigo. Eles querem a mim.

– O que você tem de tão especial? É filho de um lorde, por acaso? Você é tão órfão quanto eu.

– O meu sobrenome. – Cedeu Ecco.

Aquilo era uma novidade. Ecco nunca havia contado a eles qual era o sobrenome dele. Agora que estava prestes a contar, Yearnan segurou a própria euforia, pronto para ouvir.

– E qual é?

– Adahryn.

Que nome ridículo. Pensou Yearnan.

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