Capítulo 18 - A Última Estrela

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Leander notou a culpa refletida no rosto de Ruzena quando ela chegou com Angina. Raptar uma menina nunca foi algo para se orgulhar, e nisso os quatro membros principais da Armada concordavam.

― Como ela está? ― Perguntou Ruzena cabisbaixa. Não era do costume dela ficar no lugar de ''trabalho'' da Armada, mas desde que Angina foi colocada em uma sala especial onde ela não pegasse a intoxicação, a mulher simplesmente não conseguia deixar o local.

― Ela está bem. ― Respondeu Leander sentando-se ao lado da mulher.

― Tem certeza que a máscara que ela está usando vai protegê-la do pó?

― Tenho. ― O Líder concordou com a cabeça. ― Se não estivesse funcionando agora mesmo ela já estaria com manchas vermelhas. Sem contar que o quarto que ela está é perfeito. ― Ele suspirou. ― Preocupada assim parece que é a mãe dela.

― O que eu posso fazer? Eu sou muito maternal. ― A Rebelde deu de ombros ao falar. ― E também, não foi você que precisou fazer aquilo com a garota.

     Ele estava pronto para dizer que Ruzena fez o que deveria ser feito, mas sua atenção foi desviada para Boreas que acaba de entrar na sala. Ele era o único filho de Ruzena, e digamos que ele é único em outra coisa. Boreas é a única pessoa ali que não foi atingido pelo pó de Solaris. Ele é parecido com a mãe e tem quinze anos, não se deixe enganar por sua idade tão jovem, por conta de tudo que precisa lidar no seu dia-a-dia na decaída Solaris, ele se tornou uma garoto maduro e preparado para muitas coisas.

― Ainda está mal por ela, mãe? ― Perguntou o filho que segurava um ponche azul.

― Até você Boreas, será que nenhum de vocês me entendem?

― Não é isso, Ruz. ― Leander tentou acalma-la.

― Não mesmo, na verdade, vim tentar falar com a garota. ― O garoto chacoalhou o pocho. ― Disse que ela estava agarrada a isso não? É do tal Cosmo. Por que não deixamos ela mais confortável. É melhor que tratemos ela melhor se quisermos ajuda, não é mais justo?

― Concordo com você, Boreas. ― Disse Leander com um leve sorriso.

― Também acho isso uma ótima ideia. ― Adicionou Ruzena.

― Posso mesmo ir ver Angina? ― Os olhos de Boreas se direcionaram à Leander quando a pergunta foi feita.

― Pode ir, Boreas, acho que isso vai ser bom para a menina. ― Concedeu o Líder sem problemas.

    O caminho para o quarto de Angina era um tanto longo. O vento que vem na sua direção contrária e o faz tirar a franja castanha dos olhos diversas vezes, isso é o que afasta o pó de Angina caso a máscara que ela usa falhe.

    Bateu na porta escura e entrou, era a primeira vez que ele estava ali. O quarto era simples, porém bem-arrumado. Isso não importava para Angina, ali não passava de uma cela para ela. Ela não faz esforço para ocultar o quanto deprimida está por estar ali. A menina está sentada no chão perto da cama com um olhar perdido. A máscara que ela está usando é transparente, mas ela sente algo deixar o ar que respira ser mais gelado e estranhamente pesado.

   Ela não olhou para Boreas, aquele rosto novo e que pela curiosidade o fitava em silêncio, praticamente grudou os olhos que cederam para as lágrimas ao ver o poncho de Cosmo. Odeia ter a última memória dele chamando por seu nome. Sente tristeza e culpa, se tivesse ficado sozinha pelo menos ele não iria se ferir.

― Não precisa chorar por conta disso, eu trouxe o poncho porque pareceu especial para você. ― Disse Boreas se aproximando lentamente até sentasse na cama. Estendeu a roupa para Angina que sem demora abraçou o tecido. ― Pode tirar a máscara, acho que não terá problemas aqui dentro. Precisa de algo no quarto?

Empíreo do TempoOnde histórias criam vida. Descubra agora