Capítulo 19 - As Famílias

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Leonis e Ravena foram colocados em ensinamentos diferentes. A Invictus era sombria e cheia de métodos que instigavam um lado mais violento nos seus participantes obrigatórios. O que aconteceu com Ravena foi diferente. Ela nunca foi colocada à prova da forma que Leonis foi colocado. Os ensinamentos de Ravena eram baseados em comportamento, leitura e como um passatempo, também foi-lhe ensinada música.

   O comportamento foi algo bastante puxado para a Conselheira, teve de aprender até a contentar a alegria que sentia desde tão jovem. Teve de acostumar com seriedade, a tornar o tom de voz suave para o dia-a-dia e deixá-lo firme diante acusações e o deixar mais firme ainda na hora de acusar. A leitura foi para ganhar conhecimento. Aprendeu primeiro a história de Reminiscentia, a tomada de poder da família Albicilla e a memorizar todos os membros antigos dos Conselheiros e aprender tácticas de segurança. Em questão de música, ela optou a aprender tocar piano, e nesses momentos em que fazia as notas musicais ecoarem na sala principal da Ecclesia, era como sair da sua própria prisão mental.

    A Ecclesia era um santuário respeitado e fazia parte do pequeno grupo de lugares prestigiados de toda Remiscentia junto com a Torre de Tempus e o Santuário dos poemas em Romana. Se encontrava em Consilium em um lugar amplo, deixando exposto o Santuário de mármore branco. Era realmente grande com uma bela entrada com escadas e pilares que lideravam o caminho até a alta porta da Ecclesia. Em sua volta não havia nada de tão moderno, todas as estruturas eram antigas, deixando a sensação de que você estava voltando no tempo.

   A Conselheira estava tocando no piano sem permissão, e compartilhando daquele momento estava Saga Vibennis sentada no sofá escuro observando atentamente os movimentos dos dedos de Ravena.

― Isso é uma melodia da minha família, sabia disso? ― Indagou Saga para Ravena.

― Certamente sei, Conselheira Vibennis.

    Era a melodia que haviam escrito especialmente para a tragédia da Torre Tempus e das perdas na família Vibennis. Era uma melodia lenta e calma com notas soturnas e outras poucas que davam certo alivio para o coração das pessoas que perderam tanto naquele dia. Dizem que Destinia não consegue ouvir essa música sem que possa controlar suas lágrimas. É uma música que transmite a eterna saudade.

― Não acha desapropriado tocar isso comigo aqui?

― Não. ― Ravena respondeu olhando para frente. ― É uma música que foi feita com respeito e compaixão, e também presta uma última homenagem para a família Vibennis. Se fosse realmente do desagrado da Senhora, tenho certeza que não iria ficar aqui mais nenhum segundo.

― Essa foi uma ótima resposta, Senhorita Patronis. ― A mais velha disse sem hesitar, causando um pequeno sorriso nos lábios da loira. ― É um tipo de dor que não vem tão pesada quando ouço essa música.

   As duas ficaram em silêncio para apreciar a melodia que foi estendida por Ravena com um pouco de improvisação já que estava tão acostumada com o piano. As notas colocadas pareciam pertencer originalmente à música. Diferente de Destinia e como bem esperado, Saga consegue controlar suas emoções diante à música, apesar que ela não consiga segurar a feição de lamento pelo que aconteceu uma vez ou outra. Ela já não gostava de ser controlada por essa tristeza e mantém o controle sem problema, mesmo que em alguns dias ela quase se deixa levar.

    Um terceiro se juntou às duas Conselheiras, era um homem cujo rosto era novo para ambas. Endre Dex exibia uma elegância à altura de Saga, o queixo erguido, passos que pareciam ser calculados, mas uma diferença foi notada por Ravena que Endre tinha um olhar muito mais amigável que Saga. Seu cabelo preto penteado para trás era praticamente o penteado perfeito para ele. Seus olhos eram azuis em um tom escuro. A barba cavanhaque em seu rosto era cheia lhe dando uma aparência mais máscula.

Empíreo do TempoOnde histórias criam vida. Descubra agora