Os olhos de Ravena estavam quase escondidos por conta das pálpebras que pesavam, nas reuniões do Conselho do Rei na Morada a loira costumava prestar bastante interesse e atenção e falava nas horas certas, mas agora parece quieta como uma pessoa que está em luto. Parecia cansada, do tipo que ela poderia ouvir a pergunta se estava doente ou algo parecido, mas seus companheiros Conselheiros se fingiram de cegos, algo que fazem sempre que podem. Sabendo desse estranho estado de Ravena, o chefe dos Conselheiros, Benedetto Renate fez até mesmo um rápido e discreto sinal com sua mão para os outros a deixassem em paz por mais que o assunto fosse interessante para Ravena. Isso resultaria em um pequeno problema com Rei Thales mais tarde, ou com sorte, o Rei entenderia o estado de Ravena. Era justamente Benedetto que pegava todas as informações da reunião e as passava para seu Rei.
Nero não se importava de encarar Ravena em alguns momentos onde esperava uma resposta, senão pelo menos uma pequena reação, mas não teve absolutamente nada, e isso era um incomodo para ele. Não acha que isso seja apenas uma noite em claro ou que mal dormida. Talvez pergunte mais tarde o que se passa com a outra.
Quando a reunião se encerrou, as únicas pessoas que ficaram na sala foram Ravena e Saga, diferente dos outros, a antiga Mestra Vibennis ignorou friamente Ravena, mas não é como se tivesse se fingido de cega como fez os outros, nada passa por Saga, ela presta atenção nos mínimos detalhes e pequenos movimentos, assim como uma cobra faria, mas Ravena não era sua presa, apesar que a abordagem de Saga parece sempre ser ofensiva.
— Ravena. — O nome da Conselheira foi dito de forma breve e seca. Saga não se esforçou nem para olhá-la, sua cabeça continuava reta, era como se Ravena fosse uma sombra. — Sua conduta hoje não foi das melhores, preciso te lembrar que você é uma Conselheira?
O olhar lilás de Ravena se ergueu e carregava uma irritação mortal por ouvir a voz de Saga, a loira também não fez questão de fixá-la e se não disse nada até agora é porque está mantendo a língua atrás dos dentes. Sabe que dizer que seu estranho cansaço não adiantará de nada para Saga que não aceita desculpas. A própria Ravena não sabia explicar seu cansaço, sentia-se sugada de energia e essa noite ela dormiu, com certeza dormiu.
Algumas palavras estavam lhe rasgando a garganta, como se uma voz interior estava a impulsionando a ir contra Saga, como se ela própria fosse uma Rebelde fraca pronta para chutar o altar que deixava Saga tão superior, aquela mulher era uma lenda viva, porque mesmo com todas as polêmicas que a cercam, existia uma admiração praticamente masoquista apresentada à Saga. Como se pode admirar uma mulher que parecia ter um abismo no lugar de seu coração?
— Não me lembro de ter ouvido sua voz opinando também, Conselheira Vibennis. Ao invés de se importar comigo, deveria ter dado sua opinião quando deveria, se hoje não falei nada é porque não tive nada a dizer, e se for preciso que eu encare Vossa Majestade que assim seja. Agora... — A loira se levantou com as duas mãos apoiadas na mesa, e finalmente olhou diretamente para Saga com olhos afiados para ela, na mesma capacidade venenosa que a antiga Mestra sabia fazer. — A forma em que você falou comigo é realmente desagradável, porque acho que a Senhora acaba de falar comigo como se eu fosse a sua sobrinha que abandonou na Torre Tempus.
O silêncio de Saga foi mortal, agora quem se levantou foi ela em um movimento lento. Estava pronta para acabar com a jovem Conselheira, todas suas palavras estavam pesadas e destruidoras, assim colocaria Ravena em seu lugar porque para Saga agora não importa se ela está em seu nível por ser uma Conselheira, não.....Ravena nunca vai estar em seu nível. Existiam tantas verdades a serem ditas, mas Saga não devia nada para a outra, e o que admitiu apenas para si mesma foi que Ravena também falou uma verdade, não há desculpas ou algo para se defender por abandonar a criança de sua irmã. E também...
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Empíreo do Tempo
Ciencia FicciónEm um mundo onde a morte perdeu parte de sua essência natural de temor sob a humanidade, uma ameaça muito mais sinistra paira sobre Reminiscentia: a distorção do Tempo. Essa distorção foi desencadeada pelo roubo do ponteiro das horas, um acontecimen...