Auxílio insalubridade

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Ciel revirou os olhos com a arrogância dele, enquanto Alois só conseguia pensar no quão gostoso ele ficava naquela roupa. Claude suspirou fundo, decidindo não se estressar hoje.

Ato 6

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"ALOIS, CACETE!!!" Ciel não costumava se descontrolar em público, afinal tinha tido diversas aulas sobre como se comportar diante dos súditos. Mas aquele não era seu reino, nem seu povo, e toda aquela baboseira de casamento já o tinha desestabilizado o suficiente. Com dez minutos de chegada ao mercado, Alois desapareceu, ignorando todos os avisos de Claude, que no momento estava vermelho de tão bravo. Assim como Ciel, ele também passou por uma rotina de etiquetas e boa conduta, porém, por um segundo, desejou encontrar Alois amarrado sobre uma fogueira comicamente grande.

Sebastian, sendo o que menos se importava com a situação, escondeu a vontade de rir e sugeriu que se separassem para procurar. Evidentemente era uma desculpa para ficar sozinho com Ciel, nervoso demais para pensar em discordar, e acabou arrastando o rapaz para um dos lados da feira abarrotada.

Claude ficou parado, pensando no que fazer a mil por hora enquanto avaliava as poucas possibilidades que não fossem sair procurando agulha em palheiro. Tentou, primeiro, sentir o cheiro de Alois e lembrou logo em seguida de que o único cheiro que tinha sentido nele era o de cerveja. Também não tinha nada dele em mãos, então rastreá-lo com magia seria impossível. Só restava andar na direção oposta de seu querido irmão e ver se encontrava a peste. Claude verificou em todos os cantos possíveis, evitando súditos que o reconheciam e vinham prestar cumprimentos ao Lorde.

Depois de longos e intermináveis 40 minutos, cada milisegundo invocando o demônio incontrolável em Claude que ele nem pensava existir, encontrou um grupo estranho de homens sentados na frente de um estabelecimento fechado. Em outra situação, só teria passado reto por eles, mas sentiu que Alois procuraria o poço mais insalubre para se enfiar, e não ficou tão surpreso ao ver o tal diabo sentado do colo de um dos caras, usando o mini short preto que por pouco não cobria o necessário.

A raiva tenebrosa escorreu pelo corpo. Não era calma, nem alívio, apenas um sentimento tão transtornado que causou um chiado em seu ouvido e esvaziou a mente dele por inteiro. Claude puxou o ar profundamente enquanto caminhava em direção ao grupo, reparando nas garrafas de bebida vazias em torno deles.

Tal como a mãe quando o encontrava fazendo bagunça com Sebastian — sim, houve essa época desgostosa da vida dele—, Claude parou de frente para o Alois e para o homem em cujo colo ele estava sentado e se permitiu ser visto. Com uma expressão de vítima se iluminando no rosto de Alois, o garoto disse:

"Mozão, que bom que você chegou!" Alois levantou-se em um pulo leve, fazendo o mais belo e falso drama que conseguiu provocar no momento. Inabalável pela expressão apática de Claude, agarrou um dos braços dele entre o peito e choramingou. Claude respirou mais uma vez, contando de 0 a 10 e de 10 a 0 para encontrar a paciência interior por estar passando vergonha no meio de bêbados imundos. "Eu me perdi neste lugar enorme, mas, com sorte, os cavalheiros aqui me salvaram e me trouxeram para cá. Estávamos te esperando!" O fingimento de Alois terminou quando ele abriu um sorriso venenoso. A irritação arrepiou a nuca de Claude, fazendo-o empurrar Alois com pouca força, apenas o suficiente para que ele se afastasse.

"Os cavalheiros aqui querem no máximo sexo! Sua noção é tão pouca que nem consegue pensar em nada além de causar problemas?", bradou Claude, quase se assustando consigo mesmo. Nada, nem mesmo Sebastian, conseguia fazê-lo gritar daquele jeito.

"Pelo menos eles querem, alguém precisa fazer seu serviço!", rebateu Alois, sinceramente ofendido. O cara que o tinha no colo até um minuto atrás saiu do lugar onde estava e abraçou Alois por trás, com um sorriso pretensioso no rosto. Claude viu o desinteresse nítido no rosto de Alois em relação ao homem, e a atitude deixou claro que aquela situação toda não passava de uma tentativa de chamar sua atenção. Ou de mostrar a Claude que era uma péssima ideia deixá-lo sozinho.

Se prometer, não case com o DiaboOnde histórias criam vida. Descubra agora