As palavras que não pude dizer, prendi

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O sorriso no rosto de Alois era de pura satisfação quando ele saiu pela porta do quarto e desapareceu corredor afora.

"Puta que pariu", foi o que Claude disse depois de cinco minutos em completo silêncio. Suspirou e, completamente sem rumo, partiu para tomar um banho e acalmar os ânimos.

Ato 15

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"Sejam bem-vindos, senhores. Espero que aproveitem a festa, os serventes passarão entregando alimento e bebida."

Os olhos vermelhos de Sebastian se tornavam acobreados sob a luz refletida dos candelabros. Foi a primeira coisa que Ciel reparou quando os convidados começaram a entrar no salão de festas, agora repleto de decorações fora a fora. A segunda foram as presas levemente afiadas marcando presença no sorriso diplomático. Percebendo que não deveria estar reparando tanto assim em Sebastian, apesar do homem ter se empenhado consideravelmente nos trajes, Ciel retomou a tarefa de recepcionar os convidados juntamente do noivo.

Era de se esperar que a presença de um anjo não fosse desejada na mansão dos Faustus-Michaelis, mas, se algum deles desaprovava Ciel, não demonstrou momento algum. Pelo contrário, recebeu dezenas de sorrisos simpáticos e elogios.

"Às vezes, fico com a impressão de que os pelos da sua sobrancelha vão grudar nos cílios", comentou Sebastian, baixinho. Ciel, já com o cenho franzido, apertou-o ainda mais, diminuindo aos montes o campo de visão.

"Que porra de papo é esse?"

"Aí, tá vendo? Você franze tanto a testa que fica parecendo uma coisa só." Sebastian tomou um gole do champanhe para esconder a risadinha. Quando Ciel abriu a boca para xingá-lo até as próximas gerações, Sebastian colocou a taça na boca dele, de modo que, se não ficasse quieto, cuspiria bebida para todo lado. "Relaxa, depois do discurso oficial, a gente consegue tirar um tempinho pra respirar. Só bebe com moderação, você fica uma gracinha bêbado, mas no meio de tanta gente pode acabar dando problema."

Ciel o fulminou com o canto dos olhos e engoliu o álcool como se ele fosse desaparecer. Não pegou outra taça assim que acabou, optando por esperar e comer algo no tempo entre uma e outra.

"Essa festa não tá do jeito que você queria?", indagou Ciel, enquanto ambos observavam ao redor. Tanto luxo, tantos convidados, tanta fartura... E, mesmo assim, Sebastian tinha uma expressão cansada, como se permanecer ali consumisse sua energia.

Sebastian respirou fundo e pensou um pouco antes de responder:

"Meus pais organizam uma festa grande assim todo ano desde que eu era criança. Como o Claude não gosta de comemorações, acabou caindo em cima de mim a tarefa de animar meus pais com isso. Mas não é algo divertido. Ficamos todos ocupados, cada um em um canto, enchendo o bucho do convidados e ouvindo eles falarem até babar."

Àquela altura do campeonato, Ciel já estava acostumado com as confissões de Sebastian. Nunca retribuía com um conselho, porque não encontrava palavras para isso, mas sempre ouvia. Talvez só isso fosse o suficiente para Sebastian — ser ouvido.

"O Alois gosta", disse Ciel. Sebastian não entendeu, então ele prosseguiu: "De festas grandes assim, ele adora essas coisas. Se o Claude não espantar o Alois quando nosso mês aqui terminar, pode ser que ele fique. Então seus pais vão ter as festas dele pra planejar e você vai ficar livre."

Os olhos de Sebastian se arragalaram minimamente. Os dois duvidavam muito que Alois fosse ficar e sabiam disso. Sebastian sorriu com fragilidade.

"Vou torcer pra ele ficar, então."

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⏰ Última atualização: Oct 01 ⏰

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