Se Sebastian não fosse tão chato

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"Esperem... Eu não lembro de ter saído daquele quarto ontem", resmungou confuso, notando que parecia haver um lapso em suas memórias. "O que vocês fizeram?"

"O que vocês fizeram, Bocchan. E foi bagunça." Sebastian riu alto, retornando à noite anterior em pensamentos.

Ato 4

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Assim que chegaram no quarto, Ciel arregalou os olhos e, devido ao movimento repentino, caiu do colo de Sebastian — que, sinceramente, estava pouco se esforçando para carregar alguém tão menor que ele.

"Céus, Bocchan, você se machucou?!", perguntou pelo susto. Não era exatamente preocupação, mas seus pais o matariam se descobrissem que deixou o herdeiro da guarda celeste se machucar.

"Céus?", Ciel retrucou com a voz mole. "Isso daqui não é o céu, estúpido." Mesmo bêbado, Ciel tinha uma ânsia por rebeldia impressionante; Sebastian sentiu certo receio de levar a mão para ajudá-lo a se erguer e levar um soco. Acabou rindo tanto do pensamento quanto do raciocínio de alguém que mal devia saber onde estava.

"Certo, Bocchan, perdoe minha confusão. Por favor, vamos colocar roupas de dormir antes que você faça alguma merda", sugeriu, aguardando alguma confirmação. Talvez o certo fosse enfiar Ciel debaixo do chuveiro para tirar aquele cheiro horrendo de bebida seca, mas ele não ia gostar nada daquilo quando acordasse, e Sebastian não queria ultrapassar os limites do rapaz.

"Mas não tem por que... Hã... Dormir. Isso, dormir, era a palavra que eu estava procurando, obrigado. O sol está nascendo!" O rosto de Sebastian estava começando a ficar vermelho de tanto segurar uma gargalhada.

"Isso é uma pintura, Bocchan." De fato, o local onde Ciel supunha ser uma janela era um quadro expressionista pendurado na parede. "Você está cansado, vá para a cama." Inesperadamente, Ciel Phantomhive não o afastou ao ser erguido, mas os lábios se tornaram um biquinho inconformado, como os de uma criança após perder discussões com os pais sobre ficar acordado até um pouco mais tarde lendo. Fofo. Estranhamente fofo.

Enquanto Ciel lutava contra a camisola de dormir, Sebastian aproveitou para vestir a própria, despindo-se ali mesmo.

"Ei, já disse para você não me chamar de Bocchan!", repreendeu a voz bêbada, mesmo que Sebastian o tivesse chamado assim há quase cinco minutos. "Se me encher o saco de novo, juro que vou te denunciar por assédio e roubo. E cadê meu irmão? Eu sei que ele é insuportável, mas não precisava jogar ele no lixo, seu filho da puta."

"Seu irmão está bem, eu espero. E roubo?" Sebastian riu da raiva repentina. Ciel estava vesgo, com as sobrancelhas franzidas e apontando o dedo para ele. "De quê? Do seu coração?"

"Seu cu! Roubo da minha paz de espírito. E vá se vestir, seu tarado. Fica andando pelado por aí." Apesar de ter ordenado que Sebastian fosse colocar uma roupa, não desviou o olhar dele. As bochechas de Ciel ficaram vermelhas ao observar o físico escultural de Sebastian; as costas marcadas, os ombros largos e o principal: a cinturinha. "Se você não fosse tão chato, acho que eu beijaria você", admitiu pensativo, assustando Sebastian. Ele não pensou que um Ciel bêbado pudesse tentá-lo tanto, mas aquele era apenas o início, porque, quando virou para encarar o anjo, ele estava de pé perto da cama e fazia uma tentativa desajeitada de puxar a camisola para cima, revelando pernas com poucos músculos, mas mais do que Sebastian imaginou que teria — ele imaginou por alguns minutos assim que os dois chegaram na mansão. "Você está dando em cima de mim o dia todo, não quer tentar alguma coisa?"

O rosto de Ciel estava tão calmo que ele nem parecia estar oferecendo o próprio corpo, e Sebastian agradecia por eles não estarem mais perto, ou Ciel ouviria seu coração batendo desenfreado. Sebastian não era virgem de nenhuma maneira, mas pessoas bonitas o aqueciam. Respirou fundo e se aproximou de Ciel, quase enlouquecendo, porém, quando Ciel tentou passar os braços pelo pescoço dele, Sebastian o empurrou na cama, ajeitou seu corpo sobre ela e o cobriu com um lençol.

"Se você me fizer essa proposta de novo quando estiver consciente, saiba que vou te atacar", ameaçou com todo o autocontrole do mundo, apagando a luz em seguida e desejando boa noite. Ciel sequer o respondeu, já tinha pegado no sono, diferente dele e do incômodo no meio de suas pernas.

Se prometer, não case com o DiaboOnde histórias criam vida. Descubra agora