Café amargo.

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Tragam meu café.
Em meio a todo o barulho, ruído e perturbação, apenas tragam meu café.

Sim, aquele café que de tão doce e quente, desce garganta a dentro queimando a alma e alimentando todas as minhas chances de diabetes. Pois sim, esse mesmo.

Esse café incrivelmente doce e quente, porquê de fria e amarga basta minha vida.

Eu deveria estar fazendo mil e uma coisas, mas como é impossível fazer tanta coisa me limito a encarar a caneca de café fumegante.

Não, ninguém me trouxe café.
Estou sozinha dentro de meus portões de ferro, e das paredes amareladas que formão minha casa e que me mantém separada do mundo lá fora.

Mas sim, ninguém me trouxe café.

Nem doce.
Nem amargo.

Ninguém me trouxe café.

Eu mesma levantei-me de minha imensa preguiça e melancolia, e depositei o liquido que agora procrastino beber.

Vida amarga.
Café doce.

São as antíteses sem a menor importância que me mantêm por aqui, amarga e fria, talvez até um pouco azeda, mas ainda viva.

Ainda por aqui.

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