06 - Massacre puritano.

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Profano.
Latente.
Pulsante.
Sem fim, mas não infinito.

É frio.
É extasiante.
É quente.
É quase agonizante.

Está lá.
Mas aparentemente não está.

Sinto e não sinto.
É confuso.
É imundo.
É escuro.

Tento entender mas estou quase desistindo, penso e repenso, dou voltas e voltas nos mesmos momentos.

De nada adianta.

Não existe uma dúvida certa, muito menos uma resposta correta.

É algo, mas nada é.

Nunca foi.

Ou será que foi?

Não sei, ou será que sei?

Acredito que se eu baixase o som que me faz vibrar junto dele, se eu o tirasse de mim, minha sanidade talvez retorna-se.

É, talvez assim.

Mas não da pra ser de tal forma.

Não gosto de música baixa, e ele? Ele já esta quase surdo.

Repetimos as mesmas melodias como quem decora um discurso.

As letras repetitivas já são quase parte de nossas veias, percorrendo nossos corpos sem a menor intenção de nos deixar de mão.

É profundo.
Não á escudo.

Não quero pensar nisso.
Não quero baixar o som, pois se isso eu fizer, sei que terei de parar de dançar de lá pra cá, e por fim terei de meditar.
Sobre ele.
Sobre mim.
Sobre não existir um nós.

Sobre eu não saber se quero um 'nós'.

Deixa como ta.

Não precisa tentar decifrar.

É algo e nada é.
É tudo mas nunca foi.

Sentimentalismo? Deixe-o para os poetas.

Contremos-nos no niilismo de nossas conversas confusas.

Não, não precisamos mudar, muito menos assumir.

Eles não tem que entender nada.

Deixa.

Vamos ficar por aqui.

Almenta o som.
Não desliga nada.

Não quero pensar.
Não quero cogitar e muito menos te entender.

Quebre os espelhos, apague as luzes, deixe o breu nos envolver.

Não, não precisamos nos ver.

Conheço tuas cores de cor.

Apague a luz.
Quebre todos os espelhos e vamos nos inventar.

A velhice vai chegar e não precisamos nos nomear.

Vamos nos inventar.

Perdição PoéticaOnde histórias criam vida. Descubra agora