02 - Soneto do fracasso.

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Que venha o tédio, pra reclamar que eu sou monótono e chato.

Que venha o ócio, para me manter pendente e me fazer ciente, de minha inutilidade diante do universo.

Que venha o torpor, para me indicar o quanto minhas ações são fúteis.

Pois sim, venha a mim também a vaidade, para apontar o quão desclassificado sou, e quão grande é minha ausência de qualidades.

Todos vem, todos me julgam, embora nunca saberei ao certo se possuem alguma lógica ou razão.

As críticas e os erros fazem parte da humanidade, então seria de fato muita presunção, sequer pensar que estou acima de algo tão normal como o simples ato de falhar.

Fracasso, como você descreveria o fracasso?

Bom, eu também não faço idéia.

Às vezes me considero um.

Às vezes olho para os outros e vejo isso nos mesmos.

Fracasso, é impossível ser insento dele, e o máximo que se pode fazer é ignora-lo. Não irá resolver é claro, mas ajuda a não desistir das outras coisas que talvez possam dar certo.

É isso.

A vida é um ensaio do fracasso.

Um soneto rítmico de sonhos sendo quebrados.

Uma coreografia mal feita de um pesadelo sem noção.

Por que ainda vivo?

Também não entendo a razão.

Talvez eu goste do caos.

Talvez não tenha outra opção.

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