Hospital

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Minhas mãos estavam suadas, meu corpo estava tremendo e eu sentia que a qualquer momento poderia desmaiar dentro daquele consultório.

- Amor, tenta ficar calmo tá bem? Não vai ser nada que um bom remédio possa resolver. - Michael me tirou dos meus devaneios afim de me acalmar. Eu apenas assenti, sorrindo fraco.

Já fazia quase uma semana em que nos entendemos e que eu finalmente aceitei vim em um médico. Eu estava com medo de descobrir o que eu tinha, se poderia ser Alzheimer ou alguma coisa pior. E pior ainda, seria não ter Michael comigo.

- Michael, amor. Vamos em bora, por favor. - Falei, chamando sua atenção.

- A gente chegou até aqui pra você desistir agora?! Nem pensar Sr. Clifford. - Respondeu num tom animado, me dando um piscadela. Eu não pude deixar de sorrir.

- Eu tô com medo. É isto. - Falei abaixando minha cabeça, fechando meu sorriso.

- Medo?! Medo de que amor?

- De você me deixar depois de sabermos o que eu tenho. - Sussurrei, engolindo meu choro.

- Ei, Lucas... - Ele pegou em meu rosto, me fazendo o olhar.

- Para com isso. Eu não vou te deixar nunca, independentemente do seu diagnóstico, está me escutando ?! - Falou num tom sério, suas sombrancelhas se franziram e seus lábios ficaram em linha reta.

- S-sim. - Respondi desviando meu olhar.

- Olha pra mim Lucas! Está me escutando?! - Voltei a olhá-lo sentindo meu corpo todo estremecer.

- Sim amor, eu te escutei.

- Hum, acho bom. Agora vem cá... - Ele abaixou seu rosto até o meu, deixando um beijo em meus lábios, já que não tinha ninguém ali no corredor.

Depois de uns cinco minutos, fomos chamados. E assim que entramos na sala, meu medo só ia aumentando.

- Bom dia Senhores. - O médico, cujo o nome era Daniel, conforme estava em seu crachá, nos comprimentou.

- Bom dia. - respondemos em uníssono.

Explicamos tudo para ele. Eu contei sobre meus esquecimentos em relação a coisas simples, nas minhas dores de cabeça e tonturas. Em todas as vezes em que eu fiz algo que não me lembrei e até hoje não consegui me lembrar. Michael que acabou contando. Como por exemplo no dia em que eu saí de casa falando que iria na casa de Calum, mas acabei fazendo outras coisas nas quais prefiro deixar como estão. Dentre outras. Por fim, a expressão do Dr. não parecia das melhores, o que estava assustando muito, mas tentei não demonstrar.

- A gente vai fazer o check-up em você agora mesmo. E ainda hoje daremos os resultados. Pelos meus conhecimentos profissionais, isto não está me parecendo Alzheimer... - ele engoliu um seco e alterou o olhar de Michael para mim.

- Pelo que me disseram, é algo bem pior do que isso. Sinto muito em ter que deduzir assim. Mas vamos esperar os exames. Sr. Clifford Hemmings, você precisa vir comigo para a sala de exames e o Sr. Michael pode esperar aqui. - Falou gentilmente, tentando transparecer para nós, tranquilidade.

- Uhum, tudo bem Dr. - Ele respondeu e se levantou, vindo em minha direção.

- Vai dar tudo certo Luke. Em nenhum momento eu sairei daqui, tá bem? - Perguntou baixinho me encarando.

- Ok amor. - Lhe dei um selinho e o mesmo retribuiu.

Depois de trocarmos algumas palavras a mais com o Dr. Daniel, ele me levou para a sala de exames.

- Vocês parecem bem apegados, não é mesmo? - Perguntou ajeitando uma seringa e em seguida purificando uma agulha.

- Sim, somos casados há dez anos. - Respondi com um sorrisinho de canto.

- Caramba. E como vocês estão lidando com isso? - Franzi minhas sombrancelhas.

- Isso o que? - Perguntei confuso.

- É claro. - Ele sorriu frustrado. - A doença. - Completou, me deixando ainda mais confuso. - Os esquecimentos, para ser mais claro.

- Oh, sim, claro. Bom, Michael é simplesmente um marido incrível. - O respondi lembrando das orbes verdes do mesmo. - O jeito que ele fica ao meu lado, me compreende, é único, sabe... Eu não me vejo com ninguém mais a não ser com ele. - As palavras simplesmente fluíram dos meus lábios e eu comecei a sorrir.

- O jeito em que fala dele quando sorrir... Vocês formam um belo casal. - Disse sincero terminando o procedimento com a agulha e a seringa.

- Obrigada Dr. - Agradeci.

Eu suspirei pesado, olhando além da janela enquanto o mesmo se aproximava de mim e me amarrava a borracha amarelada. Como seria não fazer mais parte deste mundo? Viver sem o único cara que consegui amar de verdade? Perder todas as lembranças?

A dor de ter uma agulha penetrando meu braço naquele momento era maravilhosa em comparação a dor que vai ser quando eu perder meu Michael. Eu ainda não fui diagnosticado, mas sinto que não irei durar muito tempo aqui. De qualquer jeito, eu só quero passar meus últimos momentos junto com ele.









Meu deus, eu não consigo me conter. Está aí mais um capítulo, muito merda por sinal, de DFM. Espero que gostem.

Don't Forget Me <Muke Clemmings>Onde histórias criam vida. Descubra agora