N/a: Olha, não me matem ok?
Acordei em desespero. O ar fugia dos meus pulmões de uma forma inesperada, então gritei por ajuda. Gritei como nunca havia gritado antes, sentindo o gosto férrico de sangue explorar minha garganta, subindo para minha boca e descendo em direção ao meu estômago. Minhas vistas foram ficando turvas e minha voz já não estava prestando, foi quando sentir o ar se esvair de uma vez, me fazendo desmaiar.
Eu não conseguia me lembrar de nada, mas quando acordei, estava em um hospital, devido a máscara de ar que estava em meu rosto e meus braços espetados de agulhas, isso dentre outros detalhes que, eu citaria se não fizesse minha cabeça doer. Olhei ao redor, vendo um cara de cabelos tingidos de loiro que parecia bastante aflito. Eu o conhecia de algum lugar, mas a tentativa de lembrar-me só fazia minha cabeça latejar.
- L-Lucas... - Ele se aproximou.
Seu olhar exalava melancolia assim como toda a sua face, porém era possível ver um sorriso esperançoso ao chegar perto de mim. Eu não conseguia falar, nem ao menos mover uma parte do meu corpo e aquilo me destruía, então eu apenas fiquei observando o dono das esmeraldas verdes em minha frente. Quem era ele?! Quem era eu?! Porque eu estava ali?! Porque eu não conseguia mover um dedo sequer?! O desespero começou a surgir, eu tentei falar, tentei gritar, mas eu não conseguia. Simplesmente nada se movia e isso estava me preocupando. Só conseguia mexer no máximo, meus olhos e depois de poucos segundos, percebi que estava chorando.
Eu escutava suas palavras com certa dificuldade, ouvindo vários "eu te amo" e o que pareciam serem promessas.
Droga!!! Ouvir aquilo e vê-lo naquela situação estava me deixando agoniado, mesmo que naquele momento eu não soubesse quem era, parecia alguém muito mais importante do que eu pudesse imaginar. E era.
Estava ficando cada vez mais difícil respirar por aquele cano, ou máscara, eu sentia que a qualquer momento o aparelho poderia se tornar insignificante. O que de fato, aconteceu. Eu consegui sentir sua mão fazendo carinho na minha. Era macia e deleitosa que eu puderia passar horas ali, admirando suas carícias.
- Luke, você me disse uma vez que eu poderia te bater até sangrar... - O escutei. Sua voz estava rouca e quase inaudível devido ao choro. - Se caso você me magoasse. - O mesmo parou por um instante. Eu engoli um seco, sentindo as lágrimas descerem pelo meu rosto. - E bom... Eu acho que você não quer me ver magoado. Então eu preciso que você fique vivo, tá bom? - Ele fixou seus olhos nos meus, forçando um sorriso enquanto seu rosto também era banhado pelas suas lágrimas.
Eu não estava entendo sequer uma palavra do que o mais baixo dizia. Eu não fazia a mínima do que ele estava falando, mas eu conseguia sentir, apesar de não passar disso.
- Lucas, olha pra mim... - Senti sua mão puxar delicadamente o meu rosto para me fazer o olhar.
- Você se lembra de mim? - Ele perguntou num tom de voz esperançoso.
Quando eu fui tentar o responder, sentir que não conseguia falar, o que me fez ficar ainda mais assustado e confuso.
- Lucas, me responde, por favor! - O mesmo umideceu seus lábios.
Eu tentei novamente. Eu tentei gritar, mas nada saía. Como já era o esperado, eu havia esquecido de como falar. E não demoraria muito para que eu me esquecesse de como inspirar o ar. Então eu o vi sair desesperado em direção ao saída e depois de poucos segundos ele retornou com um médico.
- E-ele não me responde Dr. Daniel. Olha só... - O escutei, vendo se aproximar de mim, apesar de estar tudo borrado devido às lágrimas.
- Luke, me responde por favor... - Sua voz saiu um pouco mais firme.
Novamente eu tentei, mas o que eu consegui foi apenas chorar ainda mais.
- Viu? ... - Ele pôs suas mãos no rosto, e se virou de costas, soluçando alto.
Como morrer se você já está morto? Eu havia morrido desde quando descobri sobre a doença, desde quando fiz Michael chorar pela primeira vez por causa dela. Desde o momento em que soube o que tudo isso iria causar a ele. Toda dor, todas as lágrimas que o mesmo derramava por minha causa. O ver daquele jeito era cada vez mais destruidor e aos poucos eu fui me acabando, com a certeza de que somente o sentimento era o mesmo, amor. Todas as vezes que eu o via, eu sabia que as sensações que ele causava em mim eram as mesmas. O frio na barriga, meu corpo arrepiado por cada primeiro toque, as borboletas, elefantes e fogos de artifícios que meu estômago sentia quando encarava seus olhos ou escutava sua voz, minhas mãos suadas ao ficar somente em sua presença, era a certeza do que eu sentia por ele, sempre que o via pela primeira vez.
Eu queria que minha última visão antes de partir, fosse a dele. Eu sentia que tudo estava prestes acabar. Eu queria gritar para que o mesmo se virasse, mas se eu pudesse gritar, claramente eu não estaria ali naquele hospital. Mesmo sabendo que não levaria em nada, eu tentei chamar por seu nome, fiz o possível e o impossível para que ele pudesse olhar para mim, pela última vez. Encarar aquelas orbes esverdeadas que tanto me tirou suspiros, era meu último desejo. Sabe quando você está em sua sentença de morte, numa cadeira elétrica, e então te perguntam suas últimas palavras? As minhas seriam morrer enquanto aproveitava os últimos segundos encarando Michael, o cara no qual foi o amor da minha vida enquanto estava vivo.
Eu estava me segurando, me esforçando para que não fechasse os olhos e deixasse que algum ceifeiro buscasse minha alma para que eu finalmente pudesse descansar em paz. Mas eu não queria dar meu braço a torcer, não queria ir sem ter meu último desejo realizado. Estava cada vez mais difícil manter minha respiração sob controle, então, como se o homem dos cabelos tingidos de loiro estivesse escutado meus pensamentos, ele se virou. Seu estado estava uma bagunça. Seus olhos estavam inchados e a avermelhados, juntamente com seu nariz e também haviam várias olheiras escuras, ofuscando todo o brilho de seu olhar. O encarei fixamente e pude sentir meu coração se aquecendo, o qual mantinha seus batimentos fracos, prestes a desistir em questão de minutos.
Pude senti meus lábios se formarem em um parênteses, mas ao invés de em pé, como no papel, foi-se deitado.
- I-isso é um sorriso? - O escutei dizer.
Ele pareceu retribuir numa forma animada, mesmo em meio a tantas lágrimas. Consegui senti também, os dedos do homem desconhecido fazendo um leve carinho em minha bochecha a secando inutilmente, já que a cada vez, rolava mais uma gotícula de água. Encarar aqueles olhos me deixou mais aquecido e disposto a ir. Meu último desejo estava sendo realizado, então não tinha mais razões para me prender ali. Sem forças para continuar, senti minha visão ficando turva e não conseguia mais puxar o ar, era como se a doença estivesse me dando a última chance com esse meu desejo, esperando somente para que fosse realizado, para assim me levar com ela. Se demorasse alguns segundos a mais para que ele se virasse, seria tarde de mais. O monitor cardíaco mostraria as linhas totalmente retas, como agora, a diferença era que eu não veria seu rosto antes de partir.
Acharam mesmo que ele viveria?!
Sou do mal u.u muhahaha
Me perdoem pelos erros gente... Estou postando o anti penúltimo capítulo :(((( mas... MAS... Como eu disse na nota lá do primeiro cap, caso alguém tenha interesse de continuar lendo, eu posso fazer uma segunda parte sabe?É isto.
- Xoxo 🐙
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Don't Forget Me <Muke Clemmings>
FanfictionQuando o casal Clifford Hemmings descobre que uma doença terrível está manifestada em Luke num estado já totalmente avançado, onde não há mais nada a fazer, eles se unem para aproveitar os últimos momento juntos em que a vida lhes beneficiam antes d...