Como (não) saber lidar com a paixão

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Abri os olhos e tudo era branco, uma luz forte vinha na direção exata dos meus olhos me impedindo de ver tudo com clareza e meu braço direito latejava um pouco. Puxei o ar com força como se quisesse ter certeza de que estava vivo ou aquilo era uma espécie de purgatório.

– Hoseok hyung? – Ouço a voz grossa de Hyungwon e me viro onde o som vinha sorrindo largo ao sentir o Chae segurar minha mão – Oi...

– Oi... – Respondo no mesmo tom baixo de voz que ele usou – Eu 'tô vivo?

– O que você acha? – Sorriu ladino e eu não respondi – Sim, você está vivo.

– Ainda bem – Suspirei aliviado – O que aconteceu? Eu só me lembro de ter ganhado o julgamento...

– Alguém atirou em você – Hyungwon diz fazendo uma aura de raiva pousar em si e fazendo-me perceber a touca preta que escondia suas orelhas, que parando para pensar agora, talvez ele as odiasse – Foi alguém de fora do tribunal, pareceu uma espécie de ameaça, como se quisessem nos dizer que essa guerra ainda não acabou.

– O governo... – Murmuro e vejo ele se encolher – Desculpe, sei que não ainda está pronto para falar sobre isso.

– Eu prometo que irei te contar todo o resto assim que você sair daqui – Sorriu doce pegando minha mão e beijando-a, me deixando envergonhado – Obrigado por tudo que fez por mim.

– Eu faria tudo de novo se fosse para te salvar daquele escroto – Digo tentando me sentar, franzindo o cenho um pouco dolorido, mas, conseguindo me ajeitar – Senti sua falta, foram dias tristes ficando sem você lá.

– Fico feliz em saber que faço falta – Aproximou seu rosto do meu aos poucos, fazendo nossas respirações misturarem-se no ar – Hyung, eu posso te beijar?

– Você ainda pergunta?
Segundos depois da minha resposta nossos lábios se encontram em um beijo que de lento não havia nada, era uma mistura deliciosa de saudade, paixão e desejo incontroláveis. Nossas línguas encontraram-se atritando-as entre si ao abrirmos mais a boca, fazendo com que os sons molhados de estalos do beijo soasse por todo aquele quarto de hospital.

Em meio ao beijo minha mão que não estava machucada moveu-se até o cabelo acastanhado de Hyungwon puxando-o fracamente como em um pedido mudo para que ele se aproximasse ainda mais se é que isso era possível, porém, logo fomos forçados pela lei natural da vida a nos afastarmos para respirar, deixando um gostinho de quero mais prevalecendo ali.

– Nunca odiei tanto o oxigênio como agora – Comento ainda um pouco ofegante – Acho que a gente deveria chamar o médico.

– Tem razão, eu me esqueci completamente – Riu baixinho afastando-se da cama e indo até a porta, mas, antes que chegasse lá, ela se abriu e um homem de vestes brancas, minha mãe e Kihyun passaram por ela.

– Hoseok! – Os dois exclamaram correndo até mim.

– Sabia que a minha pressão caiu quando eu soube que você tinha tomado a porra de um tiro, quer me matar do coração? – Kihyun esbravejou me abraçando com força e eu pude jurar que ouvi um fungo de choro vindo dele – Nunca mais faça isso!

– Meu filho, que bom que você está bem, não ia ter que aguentar ficar sem falar mal de você por muito tempo – Mamãe diz me dando um beijo de batom na bochecha, fazendo-me reparar na perna enfaixada dela.

– O que aconteceu com a senhora? – Aponto para sua perna e ela ri baixo.

– Eu tentei correr atrás do cara que atirou em você, mas, meio que eu não consegui e acabei quebrando a perna, mas, eu estou bem juro – Hani diz e eu rio alto, acho que fazer merda nessa família é hereditário.

– Certo, eu preciso ver como está Hoseok, afinal ele dormiu por mais de dois dias – O doutor diz e todos se afastam dando espaço para que ele se aproximasse.

– Dois dias?! – Exclamo surpreso, me pareceram meras horas desde o julgamento até agora.

– Hyungwon não saiu do seu lado hora nenhuma, tão fofo – Hani diz com um sorriso de orgulho e o Chae coloca as mãos no rosto corado totalmente envergonhado, e aquilo soou extremamente adorável para mim.

– Muito bem, parece que você está se recuperando bem, mas, ainda temos de fazer alguns exames para saber se ainda há partículas de bala no seu corpo – O médico informa e nós três assentimos sérios – Irei pedir a enfermeira Choi que ajeite tudo para que você possa fazê-los o mais rápido possível e ser logo liberado.

– Quanto tempo ainda terei de ficar aqui? – Questiono torcendo para que ele dissesse um número pequeno, eu realmente odiava hospitais desde a vez que mamãe me arrastara para um gigantesco que havia em Anyang quando tinha oito anos e eu acabei por me perder nos corredores brancos e assustadores daquela construção, mas, por sorte fui encontrado por uma gentil doutora que me levou de volta até onde Hani estava e ainda me deu um pirulito de morango.

– No máximo cinco dias – Responde eu bufo, cinco dias eram coisa demais em minha mente – Deixaremos você e o seu namorado sozinhos agora, vocês parem ter muita coisa para conversarem.

Logo eu e Hyungwon estávamos sozinhos novamente, e eu não sabia sobre o que falar com ele primeiramente, ou se simplesmente ignorava minhas curiosidades e o puxava para mais um beijo apaixonado, nunca fui muito bom nessas coisas de relacionamento, o máximo que cheguei foi "namorar" um garoto no ensino médio que vivia me traindo com uma garota um ano mais velha, foi muito triste descobrir que era corno depois de dois meses de pseudo namoro.

– O que houve com os outros híbridos que ele maltrava? – Foi a primeira coisa que me veio a cabeça.

– Era apenas eu e Sana, uma adolescente japonesa que felizmente conseguiu voltar para sua família – Respondeu sentando-se na cadeira ao lado de minha cama com um olhar um pouco distante e nostálgico, talvez ele sentisse falta da sua família, talvez eu nunca pudesse substituir o que ele tinha antes de tudo isso.

– O que mais aconteceu? Preciso saber dos detalhes – Comento tentando desviar daquela aura de tristeza.

– A bomba foi noticiada por mundo inteiro e vários híbridos estão sendo libertados, estão falando da gente em tudo quanto é site – Começa dando um sorriso de orgulho por ter sido parcialmente responsável por essa mudança – Chaeyoung quase foi presa por ter dito tudo que sabia sendo que fora proibida, mas, dada as consequências de tudo que houve, ela foi libertada e contratada por um laboratório não filiado ao governo para estudar uma forma de reverter tudo isso.

– Isso quer dizer que...

– Que estamos famosos e eu vou poder voltar ao normal – Sorri alegre sem conseguir me conter e puxei o moreno para um beijo – com muito cuidado com o meu braço – rápido, estava extremamente feliz por ele estar finalmente conseguindo tudo que sempre quis – Hyung você 'tá chorando?

– Eu sou sensível poxa, para de rir seu boboca – Bati no ombro do Chae que me ajeitou com a cabeça no seu peito e acariciou meu cabelo.

– Você parece um bebê assim, sabia? – Sussurrou e eu teria o batido novamente se não estivesse tão confortável assim em seus braços.

Talvez Hyungwon fosse minha alma-gêmea que eu tanto procurava e eu só tenha percebido isso agora.

Como (não) cuidar de um gato .2won {chw + shs}Onde histórias criam vida. Descubra agora