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Não sei quanto tempo se passou, mas meu estômago estava doendo de fome e meu tornozelo latejava de dor, muitas vezes tive que morder a minha mão para que eu não gritasse.
- Eu comeria qualquer coisa agora. - Hoseok reclamou, senti um arrepio percorrer a minha espinha, estava com medo de que eu fosse essa qualquer coisa.
Grunhi segurando a minha barriga e me curvei, eu não estava sofrendo só de fome, eu estava suando e sentindo frio, sendo que em Mors, ninguém sabe o que é frio.
- Ho-hoseok? - escutei um sussurro fraco e pensei estar delirando. Era Yoongi. - Hoseok?
- Yoongi? - percebi que Hoseok levantou assustado e foi até a grade. - O que você está fazendo aqui no escuro?
- Jeon... - pela voz do loiro deduzi que ele havia chorado. - Ele me mandou trazer água pra vocês.
Me levantei tateando as paredes e cheguei até a grade me encolhendo quando sem querer encostei em Hoseok.
- Você não tem luz. - o maior respirou fundo quando ouviu o loiro soluçar. - Eu juro que quando sair daqui eu-
- Tudo bem, eu não estou machucado. - Yoongi o acalmou. - E o Jimin?
- Aqui. - minha voz estava tão fraca que fiquei surpreso quando Yoongi ouviu.
- Eu tentei trazer o remédio pra você, mas não tive tempo. - senti a mão de Yoongi me procurando e a segurei, ele me deu uma garrafa de água aberta e bebi a metade em um gole só. - Eu sinto muito.
- Relaxa. - sorri mesmo sabendo que ele não veria. - E obrigado.
- Aconteceu alguma coisa enquanto estou fora? - deixei que os dois conversassem e voltei para o meu lugar levando a garrafa.
- Não. Na verdade... Jeon está meio estranho.
Comecei a prestar atenção quando ouvi o nome do moreno.
- Ele meio que está mais impaciente, se você pisar um centímetro fora da linha...
Eu sabia o que aquele silêncio significava, se antes Jeon já era um carrasco de mão cheia não imagino como isso possa ter piorado.
- Já até sei o porquê. - não consegui ouvir mais, pois eles começaram a sussurrar. Mesmo se tentasse chegar mais perto não seria silencioso.
Bebi mais um pouco da água molhando as mãos para passar no meu rosto. Mesmo assim ainda senti a febre aumentar, se continuasse assim, daqui a pouco iria começar a alucinar.
- Não saia do quarto se não for necessário. Promete? - escutei Hoseok dar as últimas ordens antes de o loiro sair. - Eu nunca achei que fosse pedir isso, mas fique com o Kim até eu voltar. Diga que se ele não aceitar eu arranco o outro olho dele. Entendeu?
- Sim. - os barulhos dos beijos deles indicava que eles estavam se despedindo.
- Droga. - Hoseok voltou a se sentar perto de mim. - Ainda tem água?
Murmurei um sim, parecia que para mexer um dedo do pé eu tinha que fazer uma força gigantesca.
- Guarde, não sabemos quando ele vai voltar. – Hoseok bebeu um pouco da sua água e bufou entediado. - Não morra. Gosto da minha cabeça onde ela está.
- O que? - engoli a saliva e senti como se farpas atravessassem a minha garganta.
- Foi isso que você ouviu.
Depois disso Hoseok ficou em silêncio. Tentei cochilar várias vezes, mas meu tornozelo doía como o inferno. Eu já tinha tirado o calçado com a ideia de que a dor diminuiria, mas foi o contrário, ela só aumentou.
Quando fechava os olhos, flashes da minha família me atingiam como um soco, eu vi a minha irmã, minha mãe e meu pai. Nós estávamos felizes, mas então a cena mudava e ficava tudo branco, quase me cegando.
Eu esticava a mão tentando alcançar a luz, mas era como lutar contra a força de um mar de ressaca. Minha mão estava esticada, eu senti a luz, eu vivi a luz. Mas então algo me puxava para trás e eu voltava para o escuro.
Eu não quero o escuro, a luz é tão quente.
- Acorda! - senti algo pressionar meu peito. - Respira!
A pressão no meu peito era muito forte, eu ia e voltava como em um balanço. Engasguei com o ar na minha garganta e tossi tão forte que achei que meus pulmões fossem sair pela boca.
- Isso. Respira.
Hoseok? Me virei de lado e o ar entrou com mais facilidade. Senti um gosto metálico misturado com um azedo na minha boca.
Engoli com fervor a água que foi colocada na minha boca, parei de tomá-la quando meu estômago reclamou.
- H-Hoseok? - chamei com a voz rouca de tanto tossir.
- Você me assustou como o diabo! Escutei você engasgar aí toquei seu ombro e você começou á tremer.
Gemi com o esforço de me sentar e agradeci pela água. Eu ainda não sabia como lidar com a bondade do Hoseok, era estranho porque antes ele parecia que queria me matar e agora me "salva".
- Acho que já foi o suficiente, Jeon! - Hoseok berrou.
Escutei estrondos ocos e grunhidos de Hoseok, ele estava se descontrolando. Tentei me encolher, mas minha perna não me obedecia, Hoseok estava gritando palavrões e socando a grade.
- Ei, ei, ei! - escutei a voz de outro homem e uma luz fraca se aproximar. - Se controle, tubarão!
- Cadê o Yoongi?! - Hoseok se descontrolou mais quando percebeu que quem tinha vindo nos entregar água não era o loiro.
O homem não respondeu, escutei as garrafas serem jogadas na cela e ele se afastando. Hoseok gritou mais alto e começou a bater na grade tentando derrubá-la.
- Hoseok! - consegui gritar. - Para!
Ele não me ouvia, peguei a garrafa vazia que estava do meu lado e joguei no escuro. A cela ficou em um silêncio assustador, apenas escutava a respiração pesada do homem que há poucos minutos estava surtando.
- Se acalma, tudo bem? - por pura sorte a garrafa o acertara.
- Eu quero o Yoongi. - escutei um soluço alto, ele estava... Chorando?
Se fosse um desenho meu queixo estaria no chão agora. Hoseok chorava como uma criança que havia perdido o seu brinquedo favorito, e eu não sabia o que fazer para acalmá-lo.
Eu estava em uma situação completamente inusitada, se alguém me contasse que o cara de dentes afiados estava chorando como um bebê, eu riria da pessoa e a mandaria se tratar. Mas ele estava ali... Desprotegido, chorando porque Yoongi não estava lá.
- Ah... Não chora? - tentei confortá-lo, mas falhei. - Bem... Ele vai voltar.
Seu choro continuou e não tinha ideia do que fazer. Além de chorar ele parecia socar as grades que nos prendia. Com muito esforço consegui me arrastar até chegar a Hoseok; antes que pudesse abrir a boca senti o maior tropeçar no meu pé e cair com um estrondo.
- Ai meu deus! - me assustei; o choro parou de repente e apenas ouvia o maior fungando. - Você 'tá legal?
Eu fiquei parado com medo de que Hoseok se revoltasse e me atacasse. O silêncio se estendeu pelo que pareceram horas, então fiz algo que poderia me fazer perder a mão. Apalpei o chão até encontrar a cabeça de Hoseok, ele continuou parado quando encontrei seu cabelo e o afaguei cauteloso.
Pigarreei e murmurei uma melodia baixa e suave. Hoseok continuou parado e sua respiração foi se acalmando lentamente.
- Se você contar pra alguém eu te mato. - me ameaçou com a voz sonolenta, mas no fundo eu sabia que ele estava blefando.
Deitei no chão duro ao seu lado e fechei os olhos, eu estava sem sono algum, mas tentei ao menos relaxar. Isso tudo que aconteceu era muita coisa pra minha cabeça.
- Obrigado, Jimin.
Eu estou delirando, com certeza estou.
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Aprisionado (Reescrita)
Adventure- Jikook version - Jimin fez aquilo para proteger a sua irmã. Ele não teve culpa, mas ninguém o ouviu. Levado para o meio do deserto do Arizona, Jimin é colocado em uma "prisão" subterrânea. Agora ele terá que se proteger dos monstros que govern...