Capítulo quatorze

175 22 9
                                    

Acordei com uma dor enorme ao lado do corpo e no rosto. Gemi ao perceber que não era capaz de abrir o olho esquerdo e muito menos me levantar ou girar o corpo.

- Dormiu bem, princesa? – Ouvi aquela conhecida voz rouca. – Espero que sim, preparei essa cama especialmente para você.

Com muito esforço eu ergui o pescoço e dei de cara com Jeon sentado ao pé da cama amolando uma faca.

Tentei mover o braço para afastar o cabelo do meu rosto, mas percebi que meus braços estavam amarrados ao lado do corpo, assim como as minhas pernas.

- O q-. Tentei falar, mas me engasguei com a saliva. A cada tossida eu sentia a dor aumentar e lágrimas escorriam pelo meu rosto.

Jeon ficou apenas me observando com um mínimo sorriso estampado.

- Está tudo bem, amor? – Jeon lambeu os lábios e parecia se divertir comigo engasgando, vermelho e dolorido.

Depois de demorados minutos eu consegui controlar o meu acesso de tosse e Jeon continuava amolando aquela maldita faca.

Inspirei longamente e ignorei a dor que eu sentia.

- O que você quer?

Jeon suspirou e jogou a faca na parede ao lado e acertou em cheio um tipo de tábua com círculos pintados. Um alvo.

- Eu estou com raiva. Você parece gostar de me irritar.

Olhei ao redor procurando alguma alma viva para me ajudar a sair dali. Obviamente não havia ninguém.

Jeon se aproximou mais de mim e se sentou na altura da minha cabeça. Ele passou os dedos no lado inchado do meu rosto de forma nada delicada e senti mais lágrimas de dor surgirem.

- P-pare. – Eu tinha que sair dali, ele iria me matar com uma de suas facas e me penduraria na parede. Solucei com o pensamento de ser morto e vi Jeon sorrir.

- Apesar de estar com muita, muita raiva, não vou machucar você. Não mais. – Ele passou a ponta dos dedos do lado direito do meu corpo que estava totalmente coberto por gaze e faixas. – Vou cuidar muito bem de você.

- Quero ir embora. Por favor. Namjoon está-

- Aquele desgraçado está bem.

Senti uma ponta de alívio. Namjoon estava bem. Ele estava vivo.

- Eu estou amarrado.

- Sim.

- Por quê?

Ele suspirou e passou a mão pelos cabelos. – Porque agora você é meu. Finalmente.

Arregalei os olhos. Ele havia enlouquecido de vez. Eu nunca seria dele.

- Eu não sou seu. Me desamarre.

Jeon riu e se levantou da cama. Em um giro rápido ele apertou minhas costelas, onde eu havia sido esfaqueado.

Gritei e me debati na cama. Minha visão escureceu e eu comecei a chorar abertamente. Estou morto.

- Opa. Olha só o que eu fiz. – Ele disse com uma falsa voz de culpa. – Eu disse que não iria te machucar mais, não me faça ir contra as minhas palavras. Porra, seus amigos estão bem, eu poupei todos. Você não está feliz?

Eu poderia rir se não estivesse quase cego de dor. Depois de tudo ele ainda queria que eu agradecesse?

- Vá dormir. Quero a minha princesa curada em poucos dias. – Ele piscou em minha direção e se virou para sair do quarto. – Ah, não seja mais tão desobediente.

_____________

Aprisionado (Reescrita)Onde histórias criam vida. Descubra agora