Cartas - IV

155 15 0
                                    



O pirralho continua me perturbando.

Eu realmente acreditei que ele me deixaria em paz após o acontecimento no refeitório, mas foi eu subir para o meu quarto que ele apareceu batendo na minha porta com um maldito sorriso e uma cara de bobo alegre.

Talvez eu deva fodê-lo, assim ele me deixa em paz.

Ele simplesmente deitou no beliche de cima e começou a tagarelar. Perguntei bruscamente o que diabos ele estava fazendo deitado ali.

Quase me engasguei quando o pirralho disse que era meu novo colega de quarto. Imagine só!

Agora mal tenho paz para colocar meus pensamentos no papel, o silêncio só existe quando o sono o atinge; ao contrário, Taehyung fala sem parar. Eu fico em silêncio, claro. Não vou dar meu braço a torcer e me tornar amiguinho do pirralho.

No entanto, eu ainda fico surpreso toda vez que ele começa a falar. Geralmente, quando a pessoa é esperta, ela percebe quando alguém não quer papo e se afasta. Por esse motivo passei a acreditar que o garoto é burro.

É a única explicação para ele continuar insistindo em falar comigo.

Nesse exato momento, em que a tinta da caneta marca a folha com minha letra, Taehyung ressona baixinho na cama de cima. Não sei por que, talvez seja o tédio mórbido que me assola, mas de uns tempos pra cá passei a prestar mais atenção em seus atos.

E, como posso expressar isso? Eu o acho... Bonito?

A senhora também o acharia bonito se o visse, mãe. Sua pele morena que combinava muito bem com seus fios loiros. Confesso que já tive sonhos nada castos com minha língua explorando a sua pele, sentindo seu gosto e me inebriando com seu cheiro.

E seus olhos? São brilhantes como a pedras preciosas, com uma combinação de cores eu diria. Um castanho claro e outro verde.

Nunca achei que um dia essas cores pudessem combinar. Mais uma vez me enganei; esse garoto está me fazendo cometer muitos enganos ultimamente.

Principalmente me enganar sobre meu coração.

▪▪▪▪

eu queria que o Taehyung tivesse um olho verde e o outro castanho, imagina que louco, meu deus, seria um deus mesmo...

Aprisionado (Reescrita)Onde histórias criam vida. Descubra agora