Capítulo Dezessete

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Meu corpo estava totalmente dormente. No fundo da minha mente eu sabia que eu deveria estar sentindo uma dor infernal, mas eu estava entorpecido.

Eu deveria estar morto. E talvez eu realmente esteja.

Abri os olhos e me dei conta da minha situação, eu estava em uma maca e reconheci a área do Doc. Levantei a cabeça e vi várias faixas enroladas em mim e uma tala improvisada no meu braço. Tive a mínima impressão de que eu estava me tornando amigo próximo dos curativos.

Mas o assustador foi perceber quem estava ao meu lado. Jeon. Ele tinha uma feição serena e pela primeira vez aparentava ser jovem.

Ele estava dormindo com o braço direito servindo de apoio para a minha cabeça. Sua boca estava meio aberta e rosada, suas bochechas tinham um tom levemente rubro e alguns fios caiam pelo seu rosto. Ele dormia com o rosto encostado no meu pescoço e sua respiração fazia cócegas na minha pele.

Será que ele nunca fica feio?

Apenas Jeon estava comigo. Nem mesmo Doc estava lá.

Jeon se mexeu ao meu lado e fechei os olhos fingindo estar dormindo. Escutei o maior bocejar e tentei ficar o mais parado possível.

Foi difícil ficar com os olhos fechados quando Jeon grudou sua boca na minha e sugou meu lábio inferior lentamente o mordendo.

- Eu sei que você está acordada, princesa. – Estremeci e abri os olhos vendo a imensidão tão escura e profunda na minha frente.

- O que-o que aconteceu? – Minha voz saiu em um sussurro.

- Minha princesa foi brincar lá fora e se machucou. Mas ela sabe que o que aconteceu não chega nem perto do que vai acontecer agora.

Minha respiração ficou presa na garganta quando Jeon abriu enorme sorriso e gargalhou escandalosamente.

- Você vai me... Matar?

- Matar? Não, claro que não. Eu não mato coisas belas; mas eu vou fazer com que você nunca se esqueça disso.

Jeon era capaz de fazer coisas imprevisíveis e isso me deixava com mais medo ainda por não saber o que esperar vindo dele.

O pior era que eu não conseguia me mover.

- Mas você não pode se mover agora; você quebrou o braço e Kim Seokjin o examinou. Você precisa de repouso por causa de uma lesão interna no abdômen. Pelo menos foi o que ele deduziu, por isso eu irei deixar você descansar. – Ele se levantou e caminhou até a porta -de costas- sem tirar os olhos de mim. – Durma bem, anjo.

Quando ele saiu eu soltei a respiração que nem percebi que havia prendido. Tentei mexer a minha mão, mas a única coisa que senti foi um formigamento, e eu só conseguia mover a minha cabeça. Seja lá o que Doc me deu, entorpeceu todo o meu corpo.

Eu nem mesmo conseguia sentir se o diário que encontrei ainda estava comigo.

O caderno que estava do lado da ossada que esbarrei.

Eu o escondi dentro da camisa, mas infelizmente não tive tempo ou força para levá-lo para outro lugar. Agora a curiosidade está me corroendo.

Quem foi o dono do diário? De quem são aqueles ossos?

Todas eram perguntas sem respostas, pelo menos até que conseguisse sair depois que o efeito paralisante no meu corpo passasse. E ainda tinha a dúvida sobre o que Jeon faria comigo, algo como uma punição. Eu realmente espero que o efeito disso demore bastante e que ele tenha consciência que meu braço está quebrado.

Aprisionado (Reescrita)Onde histórias criam vida. Descubra agora