EPÍLOGO

236 27 8
                                    

Sendai, Japão

Fevereiro, 2029

"I wanna be your end game." – Taylor Swift

- André, já pegou suas coisas? – Luma comentou quando estava caminhando, demoradamente, com o auxílio das muletas até a porta de saída. Iria levar o pequeno cunhado até o aeroporto. O rapazinho resolveu seguir os passos do irmão e patinar também. Mas, para ele, era apenas um hobby. Estava indo passar uns dias nos alpes suíços para descer aquelas montanhas com um par de esqui.

- Sim, queridinha. – André tinha, completamente, o tom zombeteiro de Yuzu. Luma ainda não acostumava a ver uma cópia do seu marido andando por aí. Mesmo que seja uma mini cópia. – Seu marido poderia me emprestar o par de esqui dele.

- Aí você está querendo demais André. – Luma sorriu e saiu da casa, já calçada.

- A moça vai casar? – Antônio comentou de dentro do carro.

- Gostaria, mas não tem nenhuma brasileira olhando para mim. – André retrucou em tom de brincadeira.

- Seu... – iria xingar o rapaz, mas lembrou da presença da esposa que lhe lançaria um olhar amedrontador sobre sua ação. Apenas meneou a cabeça e entrou no carro.

Deixaria o pirralho no aeroporto e logo depois iria para casa aproveitar mais uns momentos a sós com a esposa. Depois do pedido naquela competição, eles casaram, numa cerimônia simples, em Sendai. Dois anos depois do casamento, vieram os primeiros sinais. Luiza estava grávida. Foi um misto de surpresa, medo e felicidade. Antônio e Luma ficaram apreensivos sobre a gestação. Foram inúmeras consultas com o obstetra para garantir que o bebê chegasse com saúde e que Luma não sofresse com o parto. No final daquele ano, um parto cesáreo trouxe à Sendai uma menina. Yuri nasceu com três quilos e duzentos e quarenta e duas gramas. Antônio ficou feliz com a chegada da princesa que, três anos mais tarde, foi promovida à irmã mais velha.

Yasuhiko nasceu numa tarde ensolarada. O menino veio ao mundo da mesma forma que a irmã, com dois quilos e novecentos e cinquenta e duas gramas. Antônio pensava que não tinha como a felicidade aumentar. Conseguiu, com muito custo, convencer a esposa que as crianças precisavam de uma companhia e assim, veio Simba. Um vira lata que foi adotado num abrigo do centro de Sendai. A família estava completa e Antônio sentia que cada dia que passava, ficava mais feliz.

Mesmo com a felicidade plena que sentia, o cansaço batia a porta. Amava os filhos, mas ficava tranquilo quando eles estavam com os avós. Sabia que poderiam ter momentos de descanso sem que as crianças escalassem a estante de livros, tentassem pegar os patins do pai ou as folhas de desenho da mãe. Agora, estavam no Brasil com o vovô Carlos e a vovó Bianca que faziam todos os caprichos possíveis para os netos. Já previa a dor de cabeça que teriam. Toda vez que voltavam, eram mimos e presentes que teriam que tirar que lhes doía. A vida tinha se ajustado. Mesmo com todo aquele jet lag envolvendo as famílias, tudo se ajustou.

Antônio não poderia prever felicidade igual. Não sem Luma ao seu lado.

Um era o mundo do outro. E isso, bastava.

FIM

JET LAG [COMPLETO]Onde histórias criam vida. Descubra agora