CAPÍTULO 8

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São Paulo, Brasil

Fevereiro, 2018

"E tem mais: não deixe de fazer algo de que gosta devido à falta de tempo." – O tempo, Mário Quintana.

Realmente, aquele beijo na varanda da casa dos pais de Antônio foi o primeiro de muitos. Mais tarde, Luma descobriu um Antônio completamente possessivo com seus patins. Os mesmos que ele usou na pequena apresentação que fez a Luma no ringue de Sendai, são os que ele costuma usar para treino e, quando viu que Yuki estava brincando com os cadarços, deixou o menino olhando para a parede por um minuto como castigo. Disse veemente que não poderia pegar na arma de um guerreiro. No caso dele, nos patins de um patinador.

A vida se tornou mais fácil depois de voltar a Fukuoka com Antônio. Ele voltou ao ritmo de aulas e treinos e Luma voltou para sua vida. Agora, não tão monótona quanto antes. Se antes do final de semana, Antônio já era figura carimbada em sua vida, depois ele se tornou parte da rotina. Quando não tinha aula ou treino, estava com Luma. Agora, ela acompanhava as competições e torcia por seu patinador favorito. Entendia a paixão de todas as fãs pelo trabalho dele e gostaria de estar numa daquelas competições para jogar flores no ringue junto com todas as outras pessoas.

A viagem para o Brasil estava cada vez mais próxima e Antônio, realmente, iria com ela. Como estava numa competição que estava acontecendo nos EUA, iria direto para São Paulo com Luma que iria fazer conexão em Los Angeles do voo que saiu do Japão. Nessa rota de viagens internacionais e na compra de passagens, soube como que Antônio conseguiu as passagens tão rapidamente para aquele final de semana em Sendai. Seus patrocinadores, para viagens de competições, incluíam uma companhia aérea. Duas passagens não eram nada demais comparado ao montante de passagens que o rapaz utilizava para poder ir competir e trazer as medalhas para casa.

Luma já estava no avião quando o rapaz se sentou ao seu lado. Estavam com saudades. Faziam cinco dias desde a última vez que vira o namorado. Como estavam com as aulas espaçadas por causa dos últimos períodos da faculdade, tinham bastante tempo livre. Nesse tempo, Antônio treinava arduamente para a sua temporada e Luma, agora fazendo uma espécie de estágio, trabalhava remotamente para o pai de Antônio. Miura Hanyu é um dos produtores de animes mais talentosos do Japão. Ele, dentre outros, lançara filmes e animes que se tornaram sucesso de público no país e fora dele. Luma estava, aos poucos, realizando seu sonho. Enquanto o pai era um desenhista talentoso, o filho tinha dois braços direitos para o desenho.

Chegariam em São Paulo numa manhã de domingo. Esperava que os pais já tivessem chego ao aeroporto quando ambos estavam pegando as malas que iriam lhes acompanhar naquela viagem. Para Antônio, cinco dias até a próxima viagem para competir, para Luma, quinze dias pela janela do feriado nacional. Já haviam conversado e combinado que iriam se encontrar novamente em Fukuoka, quando retornasse. Agora, era só aproveitar o clima quente do país tropical.

- Luiza Mariana, você está bem encrencada! – Ouviu a voz risonha do pai enquanto se virava para ganhar um abraço. Ficou ali por um bom tempo, o suficiente para não contar. – E você rapaz, deixe-me ver, você também está encrencado! – E cumprimentaram-se amistosamente.

- Minha filha... – A mãe agora estava com lágrimas nos olhos verificando que estava tudo bem com a filha. – Estava com saudades, minha princesa. – Seu abraço durou mais que o do pai, mas estava acolhida. Em casa. – E você, deve ser meu genro.

- Pois é sogrinha, em carne e osso. – Antônio, com aquele seu tom brincalhão de sempre, abraçou Bianca com carinho enquanto Carlos ajustava as malas no porta-malas do carro. Ajudou a filha a se sentar no carro e deixou a porta aberta para o namorado atrevido da sua princesa que, do nada, está chamando sua esposa de sogrinha. Esses dias vão ser longos.

JET LAG [COMPLETO]Onde histórias criam vida. Descubra agora