CAPÍTULO 7

287 30 27
                                    

Sendai, Japão

Janeiro, 2018

"Seguraria o amor que está a minha frente e diria que eu o amo..." - O tempo, Mário Quintana.

- Você o quê? – Carlos perguntou no telefone quando Luma, conforme habitual, passava o relatório diário para os pais numa chamada de vídeo internacional. – Luiza Mariana, você está louca?

- Não pai, não estou. – Ela sorriu do desespero do pai. – Foi só umas voltas do ringue de patinação e olha, foi bem divertido. – Ela achou engraçada a cara do pai e a de sossego da mãe.

- Você está de castigo até o final da sua vida mocinha. – Ela espantou a bronca. Antônio, que estava distraído com alguma coisa no computador, veio para próximo de Luma sem aparecer na tela. Estava se divertindo com aquela bronca por um simples passeio do ringue de patinação. – Você sabe das suas limitações e se você caísse? Você estava com algum profissional?

- Sim, ela estava. – Dessa vez, a voz não saiu da boca de Luma. – Muito prazer, senhor e senhora Furukawa, eu sou Antônio.

Primeiro, o barulho foi um estridente silêncio em ambos locais. Depois, a tomada de lugar pela mãe de Luma foi suficiente para aquela conversa tomar novos rumos e isso, estava assustando a garota.

- Muito prazer querido, mas pode me chamar de Bianca. – Ela sorriu sem jeito. – Você me faz parecer velha.

- Eu diria que você poderia passar pela irmã de Luma, são parecidas. – Luma olhou para Antônio como se tivesse um chifre no meio da sua testa. Além de tudo, galanteador. – Me desculpe demorar tanto para falar com vocês, mas sabem, a Luma é difícil.

- Ah sim, entendo. – Bianca sorriu do galanteio. – Eu fico feliz que ela tenha um amigo tão preocupado com ela.

- Imagina, é um prazer fazer a Furukawa-san sorrir. – Antônio, sem perceber, observou Luma com uma certa admiração. Como seria se ela não tivesse sofrido o tal acidente? Teriam se conhecido na faculdade? Ele teria entrado naquela matéria eletiva? Tudo era um enorme "se". Mas, ele gostava da sensação de ter essa garota perto.

- Você está muito perto rapaz. – Carlos murmurou do lado brasileiro da tela. – Luiza, você não disse ao papai que estava namorando.

- Eu não estou namorando, papai. – A garota zombou do tom de voz do pai. – O Antônio é só um amigo.

- Ele está próximo demais para ser um amigo. – Murmurou novamente. Antônio estava se divertindo com a situação. Nunca havia levado uma garota em casa, mas ser apresentado como amigo para o pai de uma pessoa, que ele gostaria de ser algo a mais, não era muito divertido. – Quais são as suas intenções com a minha princesa, posso saber?

- Papai! – Luma falou irritada do Japão.

- Carlos! – Bianca, ao mesmo tempo, falou irritada do Brasil.

- As melhores possíveis senhor Furukawa. – Antônio, divertido, respondeu sem se importar com as manifestações das duas mulheres. – Se o senhor me permite, Luma disse que irá ao Brasil, eu poderia acompanhá-la?

- Gostei de você. – Carlos sorriu malicioso e olhou para Bianca que olhava admirada para o rapaz. – Pode sim, assim posso saber com quem a minha filha anda conversando.

- Vou adorar passar uns dias por aí... – Antônio olhou para Luma que, agora, estava dividida entre dois sentimentos: amor e ódio. Amor pelo gesto claro de interesse por parte de Antônio e ódio por ele, de novo, fazer algo sem consultá-la.

JET LAG [COMPLETO]Onde histórias criam vida. Descubra agora