18 - One Direction
– Ela vai ficar bem... – Dizia uma voz distante.
Nikki queria abrir os olhos, mas suas pálpebras pesadas demais simplesmente não respondiam aos seus comandos. Ainda de olhos fechados, ela conseguiu lembrar do que aconteceu, do acidente. Não sentia o corpo com clareza e nem conseguia se mover. Aquilo a desesperou tremendamente, sua garganta ardia.
– Tudo bem, querida. Descanse. – Ela reconheceu a voz de Tommy, mas ela não queria descansar, queria abrir os olhos.
Nikki se esforçou, colocando tudo o que podia para abrir os olhos, e ela acabou conseguindo. A luz era suave mas mesmo assim incomodou seus olhos, por eles terem ficado fechados por muito tempo.
– Pai... – Sua voz saiu quebrada. Era a primeira vez em anos que o chamava assim, Tommy era apenas Tommy depois da morte de Terry. O restante do corpo não respondia aos seus comandos e ela tinha vontade de chorar ao esperar o pior.
– Querida, você precisa descansar. – Ele se aproximou até entrar no campo de visão dela. Tommy estava no mesmo jeito de sempre e aquilo a tranquilizou um pouco.
– Eu não... Não sinto... O meu corpo. – Ela murmurou, a voz enrouquecida pela garganta ardida.
– Fique calma. Por favor, descanse, huh? A médica disse que você só acordaria mais tarde. – Tommy disse, docemente.
– Ok... Pai... Água... – Ela pediu, os lábios rachados indicando a sede. Nem mesmo chorar de desespero ela conseguia. O seu corpo não respondia aos seus comandos e ela só conseguia esperar o pior.
Tommy arrumou água e mexeu a angulação da cama. Ele aproximou o copo da boca da filha suavemente e ela bebeu todo o conteúdo bem devagar. Depois disso, Tommy colocou a cama de volta ao local e Nikki se deixou levar pela sensação de esgotamento.
...
Quando Nikki acordou pela segunda vez, já foi com mais facilidade pois não sentia o corpo fora de controle. Ela sentia e movia praticamente todo o seu corpo, e aquilo a aliviou tanto que ela sorriu. Olhou em volta e viu que estava sozinha no quarto, apertou o botão e inclinou o encosto da cama. Mas a primeira coisa que sentiu foi uma dor levemente incômoda na perna esquerda. Assim que viu o gesso na sua perna que ia de baixo do joelho até a metade do pé, ela sentiu os olhos encherem de água.
Ela conhecia inúmeras histórias de bailarinos famosos que haviam acabado a carreira ao quebrar um osso ou romper um ligamento. Se tivesse que usar pinos, sabia que a sua vida com o balé estaria acabada.
Como a vida era irônica, não é?! Justo quando Nikki percebeu que o balé era a sua vida, a sua paixão e o seu futuro, ela perde tudo isso. Parecia tão injusto. Ela estava tão feliz com as conquistas e vitórias, com a sua vida de um modo geral... Agora tinha sido tirado dela.
Não participaria do Recital de Verão, aquele solo pelo qual tinha lutado tanto. Como, pelo amor de Deus, ela faria valer a bolsa na CAS se ela não poderia mais dançar?!
– Não, não, não... – Ela soluçou, colocando a mão trêmula na boca, tentando se conter. Mas a perspectiva de perder tudo que havia conquistado com tanto esforço, por tantos meses... Aquilo a quebrou.
Um clique e a porta se abriu, mostrando Tommy entrando no quarto com um sanduíche e um copo de café. Ele largou tudo na mesinha dele e se apressou para se aproximar de Nikki.
– Nikki, o que houve, está sentindo dor? – Ele a abraçou, preocupado. Nikki nem mesmo conseguiu falar, cada vez que abria a boca para dizer o que lhe afligia, o choro só se tornava mais intenso. – Shhh... Tudo bem, tudo bem. – Ele passou a mão na cabeça dela, em consolo.
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Stronger Together ✓
Hayran KurguUm cantor em bloqueio. Uma bailarina frustrada. Uma noite em Los Angeles. Uma noite que pode mudar tudo, seus pontos de vista, seus sonhos, suas metas de vida. Caminhos aleatórios se cruzam em uma noite quente de na cidade onde estrelas nascem e mor...