O INVERNO ( + 18 )

A MUDANÇA

           

Fui expulso da escola no meio do ano letivo, motivo: coloquei fogo na sala do diretor. Bom, minha mãe já ficou sem opções do que fazer em relação a mim, e é exatamente por isso que estou a caminho da cidade do meu pai, ele mora na Pennsylvania, faz 8 anos que meu pai saiu de casa, tinha 11 anos quando eu vi ele pela última vez, ele sempre me manda cartão no meu aniversário, mas eu não fiz questão de ler nenhuma.

- Chegamos filho, pega sua mala. – disse minha mãe enquanto abria a porta do carro.

Sai do carro e fui até o porta mala buscar minhas coisas, minha vontade mesmo era de sair correndo e não olhar para trás, ficar aqui vai ser um pesadelo.

- Iae filhão, fico feliz que aceitou vir morar comigo – disse meu pai olhando para mim

- Eu não tive escolha – respondi enquanto fechava o fundo do carro.

- Bom, vamos entrar, viagem foi longa, não querem comer alguma coisa? – Disse meu pai indo até a porta da frente.

- Adoraria, mas tenho que tá no tribunal amanhã de manhã.- respondeu minha mãe.

Eu poderia ter pedido para ela ficar mais um pouco, mas sei que ela precisa trabalhar, e por mais que eu pareça um delinquente sem compaixão, sempre vou querer o melhor para minha mãe, até se o melhor for morar com meu pai.

- Vem cá, eu vou sentir muito sua falta. – minha mãe sussurrou no meu ouvido enquanto me abraçava.

- Posso voltar com a senhora. – respondi

- Isso vai ser bom pra você meu filho.

- Eu entendo – respondi e dei um beijo de despedida.

Ela entrou em seu carro e foi embora, fiquei sentado na escada que tem na frente da casa por uns 15 minutos, estava anoitecendo e começando a ficar muito frio, me levantei e entrei, meu pai estava na cozinha preparando a janta.

-Vem jantar– gritou o meu pai lá da cozinha.

- Não estou afim, onde fica meu quarto? – respondi na mesma altura.

- Fiz sua comida favorita, panquecas. – disse ele com toda a animação que eu não tenho.

- É, quando eu  tinha 11 anos. – respondi

- Subindo as escadas, segunda por a direita – disse ele enquanto guardava as panquecas na geladeira.

Fui até o meu novo quarto, abri a porta, entrei e tranquei a porta novamente, tem um banheiro no quarto e uma pequena varanda com vista para a piscina da casa,  em cima da cama tinha toalhas limpas e aparentemente a chave de um carro junto com um bilhete escrito "achei que iria precisar, já que eu não vou poder te levar para a aula". Peguei meu celular, coloquei uma música e fui para o banheiro tomar um banho. Tinha terminado o banho e bateram na porta do quarto, era meu pai segurando em uma mão uma pizza e na outra uma garrafa de coca-cola.

- Ninguém odeia pizza – disse o meu pai com um sorriso no rosto.

- Vai precisar mais do que uma pizza para me fazer te perdoar. – o respondi pegando a pizza e fechando a porta.

Abri a porta de novo e peguei a coca-cola, porque ninguém é obrigado a comer  pizza sem o acompanhamento de uma coca gelada. Comi tanto que parecia que tinha pizza até a minha garganta. Guardei a coca em um frigobar que tinha no meu quarto e coloquei o restante da pizza em cima da mesinha de estudo que fica próximo a porta. Peguei a minha escova de dente e fui até o banheiro, logo em seguida fui dormi, amanhã tem aula e como sou um aluno exemplar eu não posso me atrasar.