A ALUNA

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Cerca de uma semana depois, um dos vários professores que eu ainda não decorei o nome anunciou que uma aluna nova iria se juntar a nossa turma, como se eu me importasse com essa útil informação. Está uns 4° graus hoje e tudo que eu queria era ir pra casa e ficar o dia todo debaixo da coberta assistindo um filme, mas não, estou aqui sentado esperando o terceiro sinal tocar pra ir comer.

- Ei, vai ter uma fogueira lá na cachoeira, quer ir? – Disse a Emma quase sussurrando.

- Demorô.

- Começa umas 20:00h.

Apenas fiz um jóia com a mão e ela entendeu que eu iria. Se alguém me dissesse que a única pessoa com que eu converso seria uma menina que se acha a dona da razão eu jamais acreditaria.

- Gente, essa aqui é a Julie, ela veio transferida de Canonsburg. – Disse o professor

Olhei para ela e na mesma da hora tive uma sensação de que conhecia essa garota, ela veio até perto e se sentou em uma cadeira do meu lado direito.

- Ta lembrado de mim? – Disse ela olhando para mim

Eu fiquei um tempo em silêncio e depois caiu a ficha, é a menina do bar, não sei como eu não lembrei na mesma da hora, esses pares de olhos cor de mel não tem como esquecer.

– Claro, seu namorado deixou uma tatuagem no meu rosto por um bom tempo.

- Ele não é meu namorado, fiquei com ele uma vez e já acha que é meu dono.

- Então que sorte a minha. – respondi

O sinal tocou e me ofereci para mostrar a Julie o refeitório, conversamos e no final do intervalo ela já tinha dito sim para meu convite. Ficamos trocando olhares o tempo todo, ela é o tipo de garota que qualquer homem quer. O ultimo sino tocou e fomos até o estacionamento da escola.

- Posso te levar em casa? – perguntei

- Eu vim de carro, mas você pode me dar outra coisa. – disse ela com um sorriso safado

- É mesmo? O que seria? – Perguntei enquanto me aproximava dela.

Ela me deu um beijo e sussurrou no meu ouvido "mais tarde tem o pacote completo", logo em seguida ela foi até seu carro, entrou e saiu. Quando fui entrar no meu carro eu notei que a Emma também estava no estacionamento, acenei com a mão e depois fui embora. Entrei pela porta da cozinha e fiquei observando a dona Rosa cozinhando.

- Dona Rosa. – gritei

- Ai menino, você quer me enfartar?. – Disse ela com a mão no coração.

- Que nada, você vai viver mais uns 100 anos.

- Vai pensando, qualquer dia desses eu caio dura ai.

- Fala isso não, eai, tem o que pra comer?. – Perguntei enquanto abraçava ela por trás

- Me solta que eu estou toda suada e senta ai que vou fazer seu prato.

A Rosa é o mais próximo que eu tenho de uma mãe aqui, ela é toda simpática e carinhosa, ela demonstra humildade em tudo que faz e me dei super bem com ela.

- Aqui filho. – disse ela enquanto colocava o meu almoço no balcão

Terminei de almoçar e fui para o quarto, cochilei e quando acordei já era quase 19:00 horas, olhei o celular e duas chamadas perdidas da minha mãe, liguei para ela e depois fui tomar um banho, terminei e fiquei sentado na cama olhando para as roupas que estavam no guarda-roupa. – O que se usa em uma fogueira? – pensei. Fiquei horas e no final das contas coloquei um short jeans e um moletom. A Julie disse que me encontraria lá, então  tudo que eu tinha que fazer era ir direto para a fogueira.

Estava chegando no local quando vi na esquina a Julie, estava me aproximando dela quando um cara chegou e começou beija-lá, era o não namorado dela, segui caminho e fui direto para fogueira.

- E não é que você veio? – Disse a Emma me entregando um copo de cerveja

- Sou um homem de palavra. – Disse e logo depois ela riu, o sorriso dela é contagiante e comecei a rir junto com ela.

- E a namorada? Não veio?

Eu sabia a quem ela estava se referindo, mas me fiz de sonso.

- Quem?

- A aluna nova, parecia que vocês já se conheciam. – Disse ela enquanto tomava um gole de cerveja

- Fiquei com ela em uma boate la na cidade, mas nada sério.

- Vem, vamos sentar ali. – Disse ela me segurando pela mão

Uns caras trouxeram um violão e começaram a tocar, estava um ambiente bem agradável, a Emma é uma ótima companhia, eu não tinha do que reclamar.

- Oi, cheguei. – Disse a Julie sentando do meu lado

- O seu não namorado já foi embora? – Ela ficou sem saber o que responder e como se não soubesse do que estava falando.

- Quer mesmo perder nosso tempo falando disso? – Ela se levantou e me deu a mão, eu me levantei e fui com ela. Paramos em frente ao carro dela e entramos, a festa rolou lá na fogueira mas a minha foi aqui no carro. Era 03:00 horas da manhã quando percebi que o pessoal estava indo embora, eu dei um beijo de despedida na Julie, saí do carro e ela foi para casa. Fui até a fogueira e encontrei a Emma retirando algumas garrafas do chão.

- Parece que a festa a dois foi boa. – Disse ela passando por mim.

- Se eu te falar que não você acredita?

- Não tenho que acreditar em nada. – Respondeu e subiu em sua moto e foi embora, fiquei sem entender o porquê de todo mal humor, mas estava cansado demais pra isso, cheguei em casa e fui direto para o quarto, é tanto sono que deitei do jeito que estava e dormi feito um anjo.

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