O Pacto

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Quando Mirtes percebeu que seu plano com Ricardo iria precisar de mais tempo para ser elaborado, ela se despediu dele porque não queria chegar tarde em casa.

- Hey Mirtes, então quando vamos terminar nossos planos?

- Amanhã eu tento entrar em contato com você, mas agora já está tarde...

- Que isso Mirtes? Você já ficou bem mais tempo na rua.

- Aqui em Serro Azul minha vida é bem diferente de quando me conheceu, e eu quero que fique assim.

- Calma dona Mirtes, não estou aqui por você, se bem que seria bom relembrar os velhos tempos...

Ele se aproximou dela com a intenção de uma brincadeira em tentar beija-la, ela se esquivou sem nem pensar duas vezes e disse:

- Ricardo, se você tocar em mim eu acabo com você, eu não preciso mais do seu dinheiro, agora eu é quem preciso de seus serviços, e com isso nós dois sairemos ganhando.

Ricardo se divertiu com a irritação de Mirtes, antes de dizer:

 - Relaxa Mirtes, eu não farei nada, eu quero a Milu, você sabe disso.

- Não sei o que vocês vêem naquela noiva de Belzebu.

- Mirtes nem em um milhão de anos daria para explicar. Mas amanhã de manhã às sete, vá a minha casa, é no final da rua da loja da Milu e conversaremos em como executar nosso plano, a esse horário a luz do dia parece que qualquer um vai nos ver.

Ele não precisou dizer uma segunda vez, ela pegou suas coisas e foi embora.

De noite Milu pensou e não queria dormir sozinha, então foi a casa de Jurandir, bateu na porta, e ele atendeu:

- Milu, está tudo bem?

- Está do mesmo jeito, mas não gostaria de dormir sozinha. Será que hoje posso dormir aqui, com você?

- Meu amor entre, é claro que pode.

- O que vai dizer para Elisa?

- Que você dormirá aqui.

- Mas será que ela não vai se importa?

- De maneira nenhuma vou me importar dona Milu, a senhora sabe que gosto de você, e por incrível que pareça já estava indo para meu quarto, pai tem chá na cozinha, sua benção- disse Elisa

- Deus te abençoe minha filha.

Ele beijou a testa da menina e ela foi para o quarto. Enquanto isso Milu entrou e sentou no sofá, Jurandir foi a cozinha e pegou o chá para a namorada, voltou e entregou a ela a caneca, então puxou assunto:

-  Por incrível que pareça é um chá calmante, aquele que deu a Elisa no nosso segundo beijo, eu por acaso só decidi fazer hoje de novo.

- Eu reconheço um chá somente pelo cheiro.

- Eu sei, mas gostaria que parece que sei tanto quanto você.

Os dois riram, mas Jurandir não queria ver Milu continuar com aquela feição preocupada, então pensou em algo para distrai-la, foi até sua estante, ligou o rádio, único meio de comunicação da cidade, voltou até Milu, tirou a caneca da mão dela e colocou sobre a mesinha de centro, deu a mão para ajudar com que ela se levantasse, e ela sem entender disse:

- Ju o que está fazendo?

- Já que você está com essa carinha, quero faze-la sorrir, e só sei um jeito, vamos um pouco mais para lá.

- E que jeito é esse?

Falou enquanto ele a levava para o canto mais vazio da sala.

- Dançando- disse ele

- O quê? Seu Jurandir sabe dançar? Isso não é coisa do capeta? - Brincou com ele

- Dançar juntinho com a mulher amada não é pecado, dona Milu. Escute a música que acabou de começar.

Ele parou de falar e não acreditou, ele a segurou perto de si para dançarem ao som de Princípio Ativo, música que os dois amavam e não sabiam que o parceiro gostava e ficaram naquele clima de romance, com os rostos colados um do outro.

De manhã bem cedo Mirtes mal bateu a porta e Ricardo abriu para deixa-la entrar.

MILUDIROnde histórias criam vida. Descubra agora