MILUDIR

Uma Nova Era

A festa de casamento deles foi tão bonita quanto a cerimônia. Era muitos sentimentos envolvidos, ainda mais para Milu que chegava até sentir um pouco de remorso por não ter vivido tudo que podia com Luz. Os dois pares de noivos dançavam pelo salão com sorrisos enormes no rostos, era nítido que esse era o melhor dia de suas vidas, ainda mais porque Luz e Elisa sentiam que essa cerimônia dupla fez com que elas se unissem mais como amigas. Milu sentou um pouco em uma das meses, ficou observando todos se divertindo e estava satisfeita com o semblante dos convidados da filha e da enteada. Murilo se aproximou de Milu e disse:

- Oi Milu, posso me sentar?- Claro Murilo, fique a vontade.

- Milu, eu falarei com ela depois, mas gostaria de expor novamente quanto fiquei feliz e admirado pelo gesto de Luz em me pedir para entrar com ela na igreja. Quando ela me fez o convite, disse que me considerava um tio mesmo e que gostaria que eu e meu pai nos reaproximássemos.

- Luz é uma pessoa que transmite exatamente o que o nome diz, "luz". Não é porque é minha filha Murilo, mas ela é especial, ela conseguiu me perdoar mesmo quando nem eu mesma estou certa se me perdoo pelo que fiz, abandoná-la a própria sorte naquele orfanato.

- Luz sabe o motivo que te levou a essa medida tão desesperada Milu.

- E sabe de uma coisa Murilo, Luz é boa e cheia de bons sentimentos, esses pelo qual acredito ter sido herança de seu pai. Apesar de não terem o mesmo sangue, eu sei que seu Sóstenes só tinha coisas boas para ensinar a minha filha, e sendo assim, concluo que se Luz foi capaz de me perdoar, seu pai também conseguirá um dia.- Você realmente acredita nisso?

- Com toda certeza Murilo.

Assim que Milu parou de falar, reparou que Murilo não tirava os olhos de Judith, e apesar de já ter presenciado os dois juntos ou conversando em certos momentos, foi a primeira vez que Milu reparou no olhar fixo dele para ela, aquele brilho era inconfundível. Milu se manteve discreta, e Murilo pediu licença e foi até Judith. Jurandir sentiu falta da amada, fazia bastante tempo que ela tinha se ausentado, ele ia começar a procurar por ela, mas nem precisou andar muito, ela veio ao seu encontro:

- Meu amor fiquei preocupado, você demorou.

- Murilo veio conversar comigo amor, então não tive coragem de cortar o assunto.

- Ele está bem?

- Está sim, somente está se acostumando com essa vida de humano novamente. Não poder dizer ao pai os motivos de seu desaparecimento e volta repentina está atrapalhando demasiado a relação deles.- Mas meu amor, não que eu justifique seu Sostenes, mas imagina se do nada um filho dado por morto volta e diz que todo esse tempo foi o gato da cidade, você acreditaria ?

- Olha Ju, ainda bem que não tenho que pensar nisso, porque para mim é bem difícil dizer.

- Meu amor já falamos demais, vamos aproveitar a festa?

Eles saíram rumo ao centro do salão e dançaram junto a seus filhos durante todo o tempo que puderam.

Os dias passaram em Serro Azul, tudo estava na mais perfeita ordem. Jurandir veio com todo o café na cama para Milu, a noite havia sido tão maravilhosa como sempre. Ele colocou a bandeja sobre o criado mudo, foi até a noiva, sentou ao lado dela na cama, mexeu nos cabelos ruivos dela e disse:

- Meu amor, vamos acordar, já está tarde?

- Ju que horas são?

- São exatamente 8h 12min.

- Amor está quase na hora!

- Sim eu sei, por isso fiz seu café, beba com calma, depois se arrume, eu já estou pronto.

- Então vou comer logo, a inauguração da torre de comunicação será daqui a pouco.