MILUDIR

Suposições

As acusações contra Ricardo não paravam de chegar de todos os lugares, ele havia feito mais vítimas. Ele e Mirtes seriam levados para uma cadeia mais especializada em outra cidade e finalmente a paz reinaria em Serro Azul de novo.

Seis meses se passaram desde a prisão de Mirtes e Ricardo, e Milu demorou tudo isso para reconstruir sua loja, com a ajuda de Jurandir e Ondina ela comprou todo material necessário, ainda bem que as ervas que vendia eram todas colhidas em sua casa, então era menos uma dívida que teria que fazer para se reerguer. Ela estava feliz, um sorriso de orelha a orelha colocando os últimos detalhes na loja para o primeiro dia da reabertura, Jurandir e Ondina chegaram juntos a loja, Jurandir foi até a amada  e lhe deu um breve beijo, já Ondina abraçou a amiga e disse:

- Amiga estou tão feliz por você, e nunca tinha te visto tão radiante como hoje.

- Se estou assim é porque tenho pessoas maravilhosas na minha vida, e ajudaram de uma maneira inexplicável, me deram a Cristalina de volta.

Milu abraçou Ondina e Jurandir juntos, em um abraço triplo, e assim que se soltaram entrou o primeiro cliente, que por surpresa era o padre Ramiro.

- Bom dia, fico muito feliz por você Milu, está tão feliz...

- O senhor que não está me parecendo muito feliz padre, o que houve?- pergunta Milu

- Olha Milu queria um chá calmante, uma mulher aqui de Serro Azul veio ter uma conversa comigo, e não foi em confissão, nessa conversa tinha você envolvida, e acho que você precisa saber de algumas coisas, será que você pode vir até a minha casa para conversar depois que fechar a loja?

Milu olhou para Jurandir, depois para Ondina e percebeu que ninguém ali tinha entendido nada, assim como ela.

- Claro padre eu irei, mas qual o assunto?

- Você vai saber quando chegar lá, ah e por favor me dê o chá, porque nós dois vamos precisar dele enquanto conversamos.

Milu com prazer vendeu o chá para o padre Ramiro, apesar de curiosa e cheia de receios sobre o assunto que iriam conversar, ver sua loja voltando ao normal era muito bom. O padre Ramiro saiu da loja e os três continuaram se entre olhando. Principalmente Jurandir, que tenta obter alguma resposta de Milu:

- Meu amor me pareceu que ele sabe de algum acontecimento possa te prejudicar, dá até um frio na barriga. Depois me procure e acalme meu coração novamente. Nossa vida parecia que tinha entrado nos eixos.

- Calma Ju, nossa vida entrou nos eixos desde o dia que o Ricardo e a Mirtes foram presos e a minha loja agora reaberta, eu te procuro depois da conversa com o padre Ramiro.- Milu beija o amado.

O movimento da Cristalina foi além do esperado, todos saíram satisfeitos inclusive Milu que fica feliz com retorno ao trabalho. O expediente se encerra, Milu dirige-se a casa do padre Ramiro e o encontra com o mesmo semblante de cedo.

- Nossa padre Ramiro, achei que com meu chá estaria mais calmo, me enganei. O que o senhor quer falar comigo.

-  Lembra quando você chegou aqui em Serro Azul, me confessando que havia tido uma filha, logo depois da temporada que passou no retiro espiritual, e havia dado ela para adoção porque não queria ter uma família depois de tudo que sofreu nas mãos do Ricardo? Então, a Neide veio me procurar para me contar que precisava pedir perdão a Deus porque havia entregue a criança que ela mal acabou de adotar para outra pessoa, viu que não tinha como dar um futuro decente e a deixou na porta do Sóstenes. Só não a procurei antes porque você estava muito ocupada com a sua inauguração, resolvi esperar um pouco e aqui estou.

- Padre não pode ser... A Luz ser a criança que eu gerei, é muita coincidência isso. Preciso esclarecer tudo.