Tunnel Vision - l.t.

5 - Cuidar da dor de um amigo

31 de Março de 2014

 

*Melanie POV*

O som que o telemóvel transmitia enquanto eu ligava para a dona Shay Adams, tornava-se extremamente irritante fazendo-me crer que esta se encontrava a dormir, em plena segunda-feira de manhã, mas ela já devia estar preparada para a escola. Aquela rapariga não tinha maneira de ficar nos eixos.

À sexta chamada, por fim, pela bondade dos Deuses, ela decidiu atender a chamada. Fazendo-me soltar um suspiro de alívio, eu apostaria que ela não iria achar piada nenhuma de saber que eu já estava em Londres deixando Oxford sem me despedir dela.

Oh, ela não iria achar piada nenhuma, capaz de pensar se me matava ou chorava, e eu ri com os meus pensamentos, que por segundos depois é que me percebi que ela estava na linha.

- Olá Shay – saudei-a ainda com a voz rouca por me encontrar na cama.

- Oh, não será um bom dia, a menos que tu tenhas óptima desculpa para me acordar, precisamente no dia em que ia fingir que estou doente. Já tenho atestado médico e tudo! – resmungou e eu limitei-me a rir.

- Eu só queria avisar que vou sair de Oxford dentro de horas, viajando para Londres por tempo indeterminável, por isso queria que passasses por minha casa para nos podermos despedir, mas tem um bom sono – proferi, rindo-me lentamente porque eu saberia que viria aí uma camada de berros, por isso tratei de afastar o aparelho electrónico do meu ouvido e segundos depois o que ouvi foi precisamente um som que poderia pôr qualquer um surdo.

- FODASSE MELANIE, QUANDO É QUE ISSO ACONTECEU? – e logo a seguir ouvi o som de soluço, deixando-me com o coração apertado. Só agora deixando-me com consciência que eu iria sentir a falta dela mais do que eu tinha esperando.

- Não chores por favor Shay – sussurrei sentindo-me fraca por esta estar a chorar. E a nossa amizade sempre foi assim: uma chora a outra chora; uma sorri a outra sorri;

 

- Estou a caminho do Starbucks, onde nós nos encontramos sempre – ela ripostou e fungou.

- Optimo estou a fazer o mesmo. Até já. – despedi-me, desligando a chama, sem lhe dar tempo para que pudesse responder.

Caminhei em direcção à casa de banho, e após tomar um banho refrescante, coloquei um macacão preto com pormenores brancos, introduzi um cinto preto na minha cintura, calcei as minhas sandálias brancas, e por fim levei comigo uma mala preta e os meus óculos de sol.

Antes de sair de casa, avisei os meus pais que se preparavam para ir para o trabalho que iria encontrar-me coma Shay, que iria voltar cedo a fim de que me pudesse despedir deles, antes de viajar.

(…)

Logo que cheguei ao meu destino reparei em Shay que envergava uma sweater cinzenta (que ela só usa quando está deprimida), uma saia preta que tinha um padrão qualquer, e por fim umas botas pretas que lhe davam até a meio da sua coxa.