A Tríade - Volume I

Capítulo 10 - A princesa do Lago

Depois de uma corrida muito injusta, onde Snopy obviamente ganhara, Glei decidiu voltar para a margem do lago. A vassoura velha começou a falhar em pleno ar e aquilo com certeza não era um bom sinal. Para evitar de cair no lago, o Santos optou por terra firme enquanto Guime terminava de exercitar seu amigo.

O pequeno, com sua armadura reluzente, transitou pelos limites do território como pôde e até passou por entre as torres de Hogwarts com manobras ousadas. Os demais alunos que já haviam acordado não puderam deixar de gritar alegres ao ver a fera deslizar tranquilamente acima deles.

- Em tempo de matar alguém... - Mark olhou desaprovando da janela da torre da grifinória.

Guime, que já passara próximo de más intenções, o viu e acenou com uma piscadela. Só depois de satisfazer seu lado astucioso que o garoto voltou para a área externa do castelo com seu lindo lago.

O Príncipe da Sonserina coçou o queixo, refletindo sobre um fato que não havia reparado anteriormente. - Uma casa um tanto vertical e muita água no quintal. Hogwarts se parece mais com a nossa casa que imaginávamos, amigão. - O menino gargalhou e seu dragão não reagiu. - A comparação foi tão ruim assim? - Questionou o menino lhe olhando.

Snopy parecia parado estranhamente. Sua velocidade havia diminuído drasticamente. Com tudo de ruim que acontecera, Guime deixou a montaria e escalou o rosto de seu amigo, colocando-se ao lado direito de sua face. Ele queria conferir se seu dragão não estava enfeitiçado. Para sua sorte, a criatura estava aficcionada por algo no lago em um instinto estranho de observação fixa.

O pequeno Lerback atentou-se a um majestoso vulto sob a água do Grande Lago. Ele era quase tão enorme quanto Snopy e mais maleável também. Seus enormes tentáculos eram ainda mais belos vistos daquela posição com a alta ondulação gerada pelas asas de seu dragão.

Snopy parou em pleno ar, ficando em um lugar único para que seu amigo confirmasse suas suspeitas. - A Lula Gigante. - Guime concluiu. A criatura esticou alguns de seus tentáculos e os dois se assustaram. O dragão acelerou suas asas e subiu alguns poucos metros. - Woooow! Calma aí, garoto!

O enorme molusco expôs sua cabeça pontiaguda com barbatanas para fora da água. Elas se batiam rapidamente, acompanhando os movimentos agitados da criatura. A pele viscosa abusava de seus cromatóforos e trocava de cor do amarelo alarmante para o vermelho perigoso.

Snopy começou a se sacudir. Suas escamas se contraiam e seus espinhos vibravam como a cauda de uma cascavél. Não demorou para que ele começasse a reclamar com grunhidos e rosnados para Guime.

O pequeno estava impressionado. - Vocês estão se comunicando. - A criatura esguichou água, confirmando. Guime, então, se voltou para seu dragão cuja empatia tornava sua conversação quase uma língua. - Ela quer nos dizer algo? Mas o quê, amigão?

A Lula Gigante o respondeu soltando uma quantidade absurdamente grande de tinta negra que deixou toda a água a sua volta completamente negra. O próprio ser desapareceu em sua escuridão. Só se era possível identificar que ainda estava ali pelas ventosas se movimentando fora d'água.

- Tinta negra... Pele vermelha... E essa agressividade... Tudo indica... PERIGO! - Ele concluiu. - Ela precisa da nossa ajuda em função de algum perigo?! É isso, amigão?!

Snopy animou-se e a criatura contraiu seus enormes tentáculos dentro do lago e se impulsionou pela água o mais rápido que pôde. Antes que seu amigo ordenasse, o dragão partiu para o seguir. O pequeno Lerback achou a iniciativa brilhante e se alegrou muito para ajudar o novo amigo de Snopy, não importava o que ele precisasse.

Juntos, os melhores amigos cruzaram novamente o Grande Lago se preparando para mais uma aventura. Guime fechou seu elmo, desta vez preparado mentalmente para enfrentar a dificuldade que fosse, e instigou a criatura: - Vamos nessa, Snopy!!!